Companhias de teatro que atuam com profundidade e percursos estéticos elaborados são a pauta para os espetáculos desta semana. História, literatura e dramaturgos e diretores de referência de variadas gerações na cena teatral são opções instigantes para conhecer mais ou mesmos rever trabalhos de excelência em suas casas. Bom espetáculo!

Cia dos Comuns | Traga-me a cabeça de Lima Barreto
O espetáculo teve sua estreia no Sesc Copacabana no ano de 2017, com uma performance brilhante do ator Hilton Cobra, com a direção de Fernanda Júlia. Ator singular, com trajetória fortemente ancorada nas lutas contra o racismo no Brasil, apresenta aqui uma obra que traz uma releitura do artista Lima Barreto. Em um fictício tribunal eugenista, que busca compreender como um negro poderia criar obras de arte com a sua potência, questões profundas sobre a genialidade e o pensamento do escritor são desdobradas. Os artistas Lázaro Ramos, Frank Menezes, Harildo Deda, Hebe Alves, Rui Manthur e Stephane Bourgade narram em off as vozes dos inquisidores de Lima redivivo. O trabalho circulou o país no ano de 2019, por meio do projeto Palco Giratório, realizado pelo Sesc.

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Aquela Cia de Teatro | Guanabara Canibal
A companhia tem atuação constante desde o ano de 2005, com trabalhos de investigação sobre a linguagem cênica, atravessados pela literatura e diversas fontes, como a história, e outros elementos. A fundação da cidade do Rio de Janeiro é uma inflexão do espetáculo Guanabara Canibal, que integra uma trilogia a visão sobre a cidade, juntamente com os trabalhos Cara de Cavalo e Caranguejo Overdrive. A batalha de Uruçumirim é um dos pontos chave da montagem, que apresenta as contradições que a colonialidade impôs na trajetória da formação do país. Na guerra travada por Mem de Sá, são colocadas as condições da violência intrínseca a este processo, e as visões europeias sobre os povos originários e os conflitos culturais que se inscreveram e permanecem presentes na atualidade.

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CPT – Centro de Pequisa Teatral | Blanche
O Centro de Pesquisa Teatral foi dirigido pelo emblemático diretor brasileiro Antunes Filho, que faleceu em 2019. Com montagens históricas na cena do país, o diretor esteve à frente do CPT conduzindo metodologias de formação do ator que forjaram diversos artistas de grande potência criativa e técnica na cena teatral. Trabalharam com o diretor Eva Wilma, Giulia Gam, Laura Cardoso, Bete Coelho, Luís Melo, dentre muitos outros.

A montagem de Blanche é inspirada no texto Um Bonde Chamado Desejo, obra clássica do dramaturgo Tennessee Williams. A inventividade do diretor se constrói a partir dos diálogos entre os personagens, que se travam em uma língua inventada, criada nos processos de trabalho, intitulada de fonemol. Estas falas lançam os espectadores em um universo de criação constante, a partir de associações próprias e singulares, apelando ao inconsciente das plateias para a construção dos sentidos da obra.

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