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Que tal um passeio pela história do cinema? – Parte 1

Por Leandro Luz

Em geral, as plataformas de streaming destacam em suas listas de recomendação temáticas lançamentos de obras contemporâneas produzidas diretamente para TV ou recém saídas das salas de cinema. Filmes de outras épocas, de países diversos, oriundos de movimentos cinematográficos marcantes e que revelam um modo de produção que não o hegemônico da indústria hollywoodiana atual tendem a ficar escondidos no fundo dessas infinitas estantes virtuais.

Reunimos esta semana seis filmes (outros seis serão publicados na semana que vem) que marcaram a história do cinema e, cada um a seu modo, contribuíram para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica através dos tempos. Esta jornada tem como ponto de partida o filme A Fada do Repolho, dirigido pela pioneira Alice Guy Blanché, ainda no final do século XIX, e se estende até o século XXI com o brasileiro Temporada, da produtora mineira Filmes de Plástico.

Para além dos títulos destacados nesta publicação, diversos outros estão disponíveis em praticamente todas as plataformas: basta um olhar mais atento e, claro, muita paciência para tirar a poeira de cima dos inúmeros filmes usualmente recomendados. As dicas desta semana servem para quem quer aproveitar a quarentena para estudar um pouquinho sobre cinema ou simplesmente para quem deseja compartilhar de sua própria sensibilidade com algumas das grandes criações artísticas da humanidade.

A Fada do Repolho (La Fée aux Choux, 1896)
O filme, composto por um plano fixo de 1 minuto de duração (formato típico deste que se convencionou chamar de “Primeiro Cinema”), exibe uma fada capaz de tirar bebês de dentro de uma plantação de repolhos. Com direção de Alice Guy Blanché, o filme compõe a vasta filmografia da diretora que conta com mais de 400 filmes em seu currículo, todos lançados entre 1896 e 1920, o que faz com que ela ocupe um lugar ímpar no panteão dos primeiros artesãos da linguagem cinematográfica. Pesquisadores apontam que a francesa foi responsável por dirigir o primeiro filme narrativo da história do cinema. A obra, de domínio público, está disponível no YouTube, no Vimeo e em outras plataformas similares.

O Cair das Folhas (Falling Leaves, 1912)
Também dirigido por direção de Alice Guy Blanché, o melodrama de cerca de 12 minutos conta a história de uma garotinha que começa a costurar de volta as folhas caídas das árvores ao descobrir que a morte da irmã foi prevista para o fim do outono, numa tentativa inocente de adiar a chegada da estação e, portanto, salvá-la. A obra, de domínio público, está disponível no YouTube, no Vimeo e em outras plataformas similares.

Intolerância (Intolerance: Love’s Struggle Throughout the Ages, 1916) Em 1916, filmes épicos silenciosos já eram produzidos com alguma frequência. Intolerância é certamente um dos mais ousados e grandiosos de sua época: as quase três horas de duração conduzem quatro histórias distintas, apresentadas em montagem paralela, sobre como a nossa sociedade precisou lidar com a intolerância através dos tempos. O diretor da obra, D. W. Griffith, começou a dirigir filmes nos Estados Unidos na primeira década do século XX para a Biograph Company, um dos primeiros estúdios de cinema dedicados inteiramente à produção e à exibição de filmes. No ano anterior, Griffith havia lançado o também épico O Nascimento de uma Nação, cuja história situava-se durante a Guerra Civil Americana, retratando integrantes da Ku Klux Klan como heróis e personagens negros representados por meio de blackface, ou seja, atores brancos maquiados, atribuindo a eles ações caricatas (para dizer o mínimo). Na obra, o diretor adotou uma postura inegavelmente racista, fato sempre discutido e reiterado, sobretudo nos dias de hoje.
Intolerância é produzido e lançado neste contexto conturbado e reúne um conjunto de técnicas que, assim como o seu antecessor, marcou o desenvolvimento da linguagem (a utilização do close-up, os movimentos de câmera elaborados, os artifícios da montagem, um cenário monumental, a coordenação dos figurantes), fator importante para a consolidação do cinema enquanto manifestação artística, livre da submissão à outras artes, como a literatura e o teatro. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

O Gabinete do Dr. Caligari (Das Cabinet des Dr. Caligari, 1920)
Há 100 anos de seu lançamento, o mundo continua a estudar e a exaltar a obra do diretor Robert Wiene. Marco do Expressionismo Alemão no cinema, o filme revela uma série de assassinatos perpetuados numa vila envolvendo as figuras da personagem Cesare e, claro, do próprio doutor que dá nome ao título. Ao lado de Metrópolis, dirigido por Fritz Lang e também disponível em streaming, Caligari é o filme mais lembrado deste movimento, cujas características mais marcantes se davam pela estilização dos cenários e da fotografia, com o objetivo de manipular a realidade em prol de uma subjetividade específica responsável por causar as sensações almejadas, geralmente associadas ao horror, ao grotesco e à mecanicidade do mundo. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

Aurora (Sunrise: a Song of Two Humans, 1927)
Um fazendeiro se deixa encantar por uma mulher da cidade grande, que faz de tudo para convencê-lo a largar sua esposa. Dirigida por F. W. Murnau, a cópia disponível está restaurada e permite apreciarmos todo o encanto técnico e também dramático proporcionado pelo filme. Aurora foi eleito o 5º maior filme da história do cinema pela revista britânica Sight and Sound, e é o primeiro longa-metragem feito nos Estado Unidos por Murnau, diretor alemão que dirigiu também Nosferatu e Tabu. A montagem altamente inovadora, com sobreposições de planos e um ritmo absolutamente controlado. A sequência do casal atravessando a rua na frente dos carros, com um movimento de câmera sem precedentes, reflete uma união singular entre uma história simples e uma experimentação profunda a partir dos códigos narrativos cinematográficos. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

Billy Wilder, Crepúsculo dos Deuses (Sunset Blvd., 1950)
Eu estou preparada para o meu close-up“. A icônica frase de Norma Desmond, interpretada pela atriz Gloria Swanson, sintetiza o glamour e a decadência de Hollywood. Norma foi uma estrela de cinema há 20, 30 anos, mas parece jamais ter desistido do estrelato. Mesmo esquecida pelo público e descartada pelos grandes estúdios, ela planeja o seu retorno às telas com a ajuda hesitante do roteirista Joe Gillis, interpretado por William Holden. O diretor Billy Wilder escreveu mais de oitenta roteiros e dirigiu quase trinta longas-metragens ao longo de sua prolífica carreira. Nesta, que talvez seja a sua grande obra-prima, junto com Se meu Apartamento Falasse, feito 10 anos depois, Wilder traz à tona temas caros à indústria cinematográfica da época, como o traiçoeiro culto à juventude e à beleza, discussão ainda viva e muito relevante, além de resgatar, numa espécie de homenagem, nomes fundamentais da história do cinema como Erich von Stroheim, Cecil B. DeMille e Buster Keaton. Disponível no Telecine Play.

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