Graciliano Ramos

70 anos do adeus à Graciliano Ramos

Um dos maiores autores da literatura brasileira entrará em Domínio Público e sua obra segue atual.

por Angelica Eichner
Bibliotecária da Rede de Bibliotecas Sesc RJ

Há poucos dias completou-se 70 anos da partida de um dos maiores autores que o Brasil já teve, Graciliano Ramos. No dia 20 de março de 1953 o mundo dava adeus ao romancista, cronista, contista, jornalista, político e memorialista brasileiro. Alagoano de Quebrangulo, dividiu sua vida em diversos estados do nordeste e no Rio de Janeiro.

Ainda na adolescência escreveu contos e sonetos para jornais e revistas locais e aos 34 anos publica Caetés, seu primeiro livro, em 1933; no ano seguinte publica São Bernardo. Enquanto escrevia sua próxima obra foi preso após a Intentona Comunista de 1935, tentativa de golpe contra o governo de Getúlio Vargas, sendo realizada por militares em Natal, Recife e Rio de Janeiro. O escritor foi levado para o Rio de Janeiro e permaneceu preso por quase onze meses, mas nunca foi formalmente acusado e nem julgado, tal qual foi preso também foi solto, sem qualquer justificativa. Seu livro de memórias desse período, chamado Memórias do cárcere, foi publicado incompleto  postumamente no final de 1953. A família de Graciliano sofreu bastante pressão para não publicar o livro, devido aos relatos que narram torturas e esquemas praticados contra os presos políticos.

É no ano de 1938 que publica Vidas Secas, uma de suas maiores obras e que retrata a vida de uma família retirante do sertão nordestino, que em busca da sobrevivência passa por momentos de fome, seca e miséria. Vidas Secas narra a desigualdade social brasileira e é até hoje traduzido para diversas línguas, utilizado em vestibulares e inserido no currículo básico de ensino em diversos municípios. Recebeu o prêmio da Fundação William Falkner (EUA) em 1962, como o representante da Literatura Brasileira Contemporânea. Também foi adaptado para filme em 1963 pelo diretor Nelson Pereira dos Santos, que recebeu indicação para Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1964.

“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.”

Graciliano Ramos escreveu 11 livros em vida, dentre eles romances, livros de memórias e infantis.Também traduziu livros para o português sendo um deles A peste (1950), de Albert Camus. Após sua morte mais de 10 livros foram publicados e a maior parte de suas obras é reeditada constantemente.

No Brasil, a obra de um autor permanece sob seus direitos patrimoniais por 70 anos após seu falecimento, como define a Lei de Direitos Autorais. Segundo o artigo 41 da Lei 9610/98 dispõe que:

“Art. 41 Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do ano subseqüente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.”

Sendo assim podemos esperar que no dia 1º de janeiro de 2024 as obras de Graciliano Ramos entrem em Domínio Público; estarão livres para leitura, consulta e publicação por diversas editoras gratuitamente. Enquanto isso, você pode aproveitar a Rede de Bibliotecas Sesc RJ para fazer empréstimos das obras do autor e aproveitar no conforto da sua casa.

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Fontes: Site Graciliano Ramos, Lei de Direitos Autorais

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