Por Géssica Santiago e Sidnei Carvalho (Analistas de Cultura do Sesc RJ)

Com as múltiplas plataformas hoje presentes a Música se revela em outras estéticas que possibilitam o ouvinte desbravador ir muito além do entretenimento, e descobrir novos sons e artistas que em décadas anteriores não alcançariam facilmente a mesma projeção. Assim, desde os criadores do velho rock até os novíssimos nomes da cena rap se utilizam destas possibilidades para experimentar e apresentar suas leituras de mundo.

Dentro dessa perspectiva é que o SESC garante o seu trabalho de política cultural em relação aos novos artistas, em que “considera a necessidade de colaborar para ampliar o repertório simbólico dos sujeitos a partir do conhecimento dos contextos socioculturais e do diálogo permanente entre os diversos atores sociais participantes desse processo, priorizando a formação, a experimentação, a circulação, o encontro e a troca entre diferentes saberes, modos de sentir, fazer e viver.” (Você pode ler mais sobre nossa Política Cultural aqui).

No Spotify apresentamos a playlist Rap e Rock com base nas atrações que passaram recentemente por nossas Unidades. Nela você conhecerá novos artistas e ouvirá os músicos e grupos que já possuem trajetória dentro deste cenário.

Aqui é ser “autofalante”, reverberar o mais alto possível sua própria voz, suas experiências e identidades! Com uma forma inegociável de se levar a vida e alcançar outros e muitos corações Tássia Reis dedica a canção “Pode Me Perdoar” ao seu próprio corpo numa relação intensa que reconhece a necessidade de se escutar e, Bia Ferreira grita: “Cota Não É Esmola”!

Se cada um tem sua voz, a playlist Rap e Rock vai te ajudar a curtir em meio a tantos nomes, algumas pérolas nacionais. Entre outras canções vindas de diferentes regiões do estado fluminense, temos diretamente da Serra, ADL e Gotam C.R.U. e os Curingas mostram um som pesadão. Já na zona periférica temos a presença da banda Canto Cego e Banda Gente.

ADL: Além da Loucura é o RAP de Teresópolis, em suas traps traz versos fortes de denúncia social, combinando música, lírica e informação! Formado pelos os rappers LORD e DK 47, as batidas ficam a cargo do produtor musical Índio. Sua projeção no cenário musical tem alcançado marcas incríveis com mais de 600 mil inscritos no canal do Youtube, seu último lançamento “Favela Vive 3” com as participações de Choice, Djonga, Menor do Chapa e Negra Li, alcançou a marca de aproximadamente 90 milhões de visualizações na plataforma.

Gotam CRU e os Curingas: representados pela faixa “Febre de Rato”, o coletivo petropolitano C.R.U. (Cultura Revolucionária Urbana) é formado por Mc Durango Kid, MC Don Pachá e a vocalista Carol Guerra na linha de frente, além dos Curingas Gabriel Tauk no baixo, Guilherme Romão nos teclados, Dino Fernandes na bateria e Dominique Rabelo no sax e flauta transversa. Desde 2012, a banda compõe o circuito cultural carioca produzindo trabalhos autorais nascidos do ritmo e da poesia: suas letras contam os desafios contemporâneos da juventude, balizadas por diversas perspectivas e ritmos conectados a ancestralidade.

Descendo a região serrana entrando nas regiões periféricas do Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense temos duas bandas de rock autoral: Canto Cego e Banda Gente.

Canto Cego, uma banda madura que possui um currículo extenso com participações em festivais de música como Rock in Rio, no espaço favela, o Montreux Jazz Festival na Suíça e já subiu em palcos de grandes casas como Circo Voador e Teatro Rival. Com 10 anos de estrada a Banda formada na favela da Maré tem em suas letras aspectos da realidade social da cidade, com destaque para  faixa “Marcha Coração”, música do segundo álbum da banda. Segundo Rodrigo Solidade, guitarrista da banda e ex-estagiário do Sesc Ramos, a música fala do povo tomando as ruas no carnaval como analogia para as discussões sobre a realidade social: ritmo, alegria e energia encontrados nos shows e nas músicas. A banda é formada ainda por Roberta Dittz no vocal, Ruth Rosa na bateria e Magrão Kovok no baixo.

Na Baixada Fluminense, no Município de Mesquita temos uma mistura de samba, rock, baião e outros ritmos com a Banda Gente. Formada em 2015, teve o seu primeiro álbum #SomostodosSilvas lançado em 2017, como a banda diz em seu release “um homenagem ao sobrenome mais comum no país”. Na playlist você encontrará três músicas do álbum que retratam a vivência da Baixada Fluminense. Em 2018 a banda se apresentou em algumas Unidades do Sesc RJ e lançou um clipe colaborativo com as filmagens feitas pelo público nestas apresentações. Você pode conferir o resultado clicando aqui.

Ano passado a banda foi um dos representantes do estado pelo Sudeste na Mostra Nacional de Música, realizada no Espaço Cultural Escola Sesc, no Rio de Janeiro. A Banda Gente também circulou por festivais e locais importantes para consolidação de sua carreira como a participação da vocalista Iolly Amancio na apresentação da Canto Cego no Rock In Rio. Ganhou três prêmios no II Festival de Música do Zimba em 2018 com o Show #somostodosilva, 1º lugar melhor banda do festival, 2º lugar melhor composição com a música Rede e 3º lugar melhor vocalista-intérprete Iolly Amancio.  A banda é formada por Iolly Amancio na voz, Wallace Cruz na guitarra, Adonis Lima na percussão, Jonathan Panta no baixo e voz e Clara Santos na bateria.

Os artistas retratados aqui são um pequeno recorte do que você pode encontrar na nossa playlist. Neste período de quarentena vale a pena conferir novas músicas, conhecer novos artistas, pesquisar sobre as suas histórias e matar saudade das programações culturais das Unidades do Sesc RJ.