Mulheres Plurais
Sesc Mulheres Plurais é um projeto que busca promover o diálogo e a reflexão sobre as diversas expressões que tangem ao feminino, respeitando suas diferentes formas e inserção no mundo e posicionamentos sociais. O Projeto fomenta e incentiva políticas públicas de equidade de gênero. Além disso tem como eixo principal de trabalho o compromisso com enfrentamento da violência contra mulheres e meninas.
O Projeto Sesc Mulheres Plurais tem foco em discutir universo feminino e os atravessamentos vivenciados por mulheres na sociedade brasileira. A construção de gênero na nossa sociedade é o pano de fundo para o debate e as intercorrências presentes na perspectiva do feminino.
Os dados estatísticos dos últimos tempos apontam que mulheres recebem, em média, salários 30% menores que os homens quando ocupam os mesmos cargos e com a mesma formação. Para as mulheres negras o cenário é ainda pior: recebem menos de 60% dos salários dos homens brancos e possuem renda média mensal 40% menor que a renda média das mulheres brancas.
A questão do enfrentamento à violência contra mulheres e meninas é um debate de suma importância e tratado ao longo de todo ano na realização do projeto. No Brasil, cerca de 7 mulheres morrem diariamente vítimas de violência doméstica. O Brasil é o 5º no ranking de mulheres vítimas de feminicídio no mundo. Os dados apresentados logo acima justificam a relevância e a necessidade da realização do projeto e anda impulsionam a reflexão sobre o cenário das desigualdades de gênero no Brasil e no mundo.
Objetivos
Promover ações que ratifiquem o papel fomentador de políticas públicas do Sesc RJ, promovendo a discussão e a reflexão a atuação das mulheres, suas ações de fortalecimento, resistência e luta por direitos.
Objetivos específicos:
- Discutir e propor ações para compreender as bases de sustentação da violência contra a mulher;
- Estimular reflexão sobre as diferentes formas de violência contra a mulher no seu âmbito pessoal e comunitário;
- Propor ações de fortalecimento e habilidades necessárias para buscar soluções nas situações de preconceito e violência;
- Realizar mapeamento de demandas das mulheres, a fim de desenvolver ações focadas nas necessidades desse público.
Metodologia
O projeto sensibiliza e mobiliza todas as áreas programáticas do Sesc RJ, para a realização de ações que ocorrem ao longo do ano. Isso ocorre em diversas linguagens e em todas as áreas fins, tornando o projeto Sesc Mulheres Plurais uma experiência transversal nos diferentes setores do Sesc RJ.
O projeto está inteiramente alinhado com os objetivos dos desenvolvimentos sustentáveis no que tange à redução das desigualdades e no fomento de educação de qualidade no que se referem às práticas realizadas através de campanhas, cursos, oficinas, palestras e produção de conteúdo com as temáticas relacionadas ao universo feminino e plural.
A metodologia consiste em: Identificação da demanda local; Parceria com os projetos do desenvolvimento comunitário e economia criativa; Campanha de enfrentamento à violência contra meninas e mulheres ao longo do ano; Sensibilização e autoconhecimento (corpo, estética, respeito e autoestima); Ciclo solidário – Doação de Absorventes para pessoas em situação de vulnerabilidades sociais; Incentivo a escrita criativa – “escrevivência”, em referência Conceição Evaristo – Criação do Laboratório de Narrativas Femininas; Seminário anual “Saber-se Negra”, em referência ao dia da Mulher Latino Americana e Caribenha.
- Laboratório de Narrativas Femininas
Programação virtual, parte do projeto Mulheres Plurais que, ao longo de 2021, levou cerca de 30 mulheres de várias partes do Brasil a construírem mininarrativas buscando explorar e valorizar suas histórias, refletindo as rotinas na luta pela garantia de direitos, contra a desigualdade social e de gênero, além do incentivo à escrita criativa com vivências pensadas para a transformação individual e coletiva, abrindo caminhos para o seu protagonismo.No total, seis encontros virtuais foram realizados, elaborados e conduzidos por Carolina Rocha (Dandara Suburbana) com o objetivo de possibilitar novos olhares para si e para o(a) outro(a), desenvolvendo o autoamor e abrindo espaço na contemporaneidade para narrativas historicamente desprezadas e marginalizadas.
A partir do Laboratório de Narrativas, foram gerados dois desdobramentos:
-minidocumentários com depoimentos de algumas alunas integrantes do projeto;-um e-book com os textos das alunas que aceitaram o convite para co-criar a possibilidade de (re)existir através da palavra. Clique aqui e baixe o e-book.
Sobre Carolina Rocha (Dandara Suburbana)
Mulher preta, escritora, militante antirracismo, educadora, Historiadora e socióloga, dedicada aos estudos sobre religiosidade e violência urbana. Doutoranda no IESP/UERJ, pesquisadora das violências sofridas pelas espiritualidades de matriz africana há mais de dez anos. Autora de livros como “O Sabá do Sertão: feiticeiras, demônios e jesuítas no Piauí colonial”, que analisa a perseguição perpetrada as mulheres negras acusadas de bruxaria no Brasil colonial. Idealizadora do projeto Ataré Palavra Terapia, que trabalha com escrita criativa, literatura negra e autocuidado.
Histórico
Conheça o histórico do projeto que começou com o nome de Março Delas e que em 2022 se expande para além do mês do Dia Internacional da Mulher, transformando-se em Mulheres Plurais
- 2019: Ocupação Praça XV
O Dia Internacional da Mulher representa a luta por diretos e garantias sociais das mulheres, que quebram paradigmas ao longo de toda a sua trajetória. A intenção da ação é apresentar um olhar crítico para a sociedade, fundamentado numa análise da luta das mulheres por direitos, autonomia, protagonismo e equidade social, que reforcem o posicionamento das mulheres em relação aos diversos temas de seus cotidianos, incluindo violência e empoderamento. Local: Praça XV
Foi realizada uma grande campanha de mobilização da sociedade com a presença de grandes nomes femininos dos movimentos sociais, música, literatura, cidadania, educação e cultura brasileira. O evento foi realizado com o nome “Março Delas” e trouxe uma programação que:
- Debateu e discutiu os direitos sociais e o protagonismo feminino;
- Informações de prevenção e tratamento de saúde;
- Ações de qualidade de vida;
- Cultura com um grande ativações e esquetes temáticas e shows de encerramento.
- 2020 (ações suspensas pela COVID-19)
Em 2020 as ações não foram realizadas, sendo suspensas por conta do início da Pandemia.
- 2021: Mulheres Reais que Inspiram
O tema de 2021 foi “Mulheres Reais que Inspiram”, e o projeto aconteceu 100% online.
Ressaltar as mulheres que possuem histórias inspiradoras e que lutam no seu dia a dia pela garantia de direitos e contra a desigualdade social e de gênero. Nossas mulheres quebram padrões de beleza, sofrem violências, se unem por justiça, fazendo lives, arte, moda e esporte, criando negócios próprios, se posicionando nos espaços de poder, liderando, inovando, educando, empreendendo e nos inspirando. São essas mulheres reais que iremos conversar e valorizar.
Da periferia ao campo, das redes sociais às lideranças comunitárias, das jovens às idosas, das negras às indígenas, das empreendedoras às CEO de grandes empresas, das mães às filhas… vários exemplos de mulheres que inspiraram, inventaram, influenciaram, ajudaram ou pediram ajuda em 2020.
- 2022: Percursos e Narrativas “Que mulher eu fui, sou e quero ser”
Em 2022 o Sesc RJ conta, valoriza e analisa a trajetória e o processo histórico do “ser mulher”. Avaliando o PASSADO para entender o PRESENTE, com a oportunidade de pensar e elaborar o seu plano de FUTURO.
Diversas e plurais, a vida da mulher passa por várias fases biológicas e sociais, políticas, luta por direitos, experiências, aprendizados, amadurecimento e a construção da sua identidade. Os atravessamentos vividos na história, na pandemia e a reflexão do atual. Vamos provocar a reflexão do agora, do que cada mulher foi, é, e ainda será. Qual seu caminho até aqui e qual estrada ainda seguirá.
- Mudança de definições como empoderamento por emancipação;
- Seguindo o direcionamento da “consciência do despertar”;
- Ancestralidade, Representatividade: Nossos passos vêm de longe;
- Usar o espaço para exemplificar falas e trajetórias para além da dor
Que mulher eu sou, agora? “a identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). É definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas.” ( Hall, 1999, p.13). Os conceitos de mulher e homem são construções históricas. Assim, metodologias que estudam os significados que os indivíduos constroem em suas relações sociais, como a história oral e a autobiografia, se tornaram ferramentas importantes para obtenção de informações sobre gênero (Beauvoir, 1949/ 1960; Louro, 1995; Rocha-Coutinho, 1994; 2000; Scott, 1995; Thébaud, 1991).
A vida de uma mulher é pessoal e única, permeada de dores, vitórias, anseios, sonhos, expectativas e projeções. Composta e recomposta por 3 tempos verbais que, em alguma medida, se conectam: Passado, Presente e Futuro. Por condições socialmente construídas, dentre racismo, violência de gênero e outras, inúmeras mulheres tiveram uma espécie de “apagamento” do seu passado. A frase popular “quem não sabe de onde veio, não saberá onde chegar” conecta em todos os sentidos a relevância de trazermos à visibilidade da importância para a vida de uma mulher a relação entre seu passado, presente e futuro, integralmente interligados, nesta ordem.
Para que tenhamos mais mulheres pautando o futuro, é preciso reconhecer a relevância de uma volta ao passado bem construída, resgatando identidades, ancestralidade e caminhos, que foram traçados por tantas outras antes.
- 2023: Festival Sesc Mulheres Plurais - Vozes Múltiplas
Em 2023 o projeto Sesc Mulheres Plurais buscou se aproximar do conceito Gênero na atualidade compreendendo a perspectiva plural do próprio projeto dentro do universo feminino. O projeto vem sendo moldado e construído de acordo com as mudanças contemporâneas, o entendimento do feminino e as mudanças sociais.
Em referência ao Dia Internacional da Mulher, realizamos no último dia 25/03, o Festival Sesc Mulheres Plurais, uma experiência que reuniu diferentes ativações, interações culturais, artísticas, oficinas criativas, feira de econômica criativa, espaço gastronômico e atividades diversas ao longo de todo o mês de março sobre o temática, com culminância no último final de semana do mês.
Durante o festival, aconteceu a Roda de Conversa – Vozes Múltiplas com a participação de três convidadas especialistas na temática que trouxeram importantes contribuições para o debate com o público presente de aproximadamente 100 pessoas. A ação teve mediação da professora Dra. Tatiana Pequeno.
O grupo discutiu diferentes experiências a partir do lugar situado pelas próprias convidadas, tais como: filosofia africana e o sagrado feminino, por Helena Theodoro. O pensamento Transfeminista por Amara Moura e a busca por identidade da população amarela, a partir do olhar da atriz e poeta Lian Tai.
Filosofia e mulheres sambistas por Helena Theodoro
Ponto de partida e o pensamento transfeminista – Um convite a reflexão de gênero na atualidade por Amara Moira
Relatos de experiências de Mulheres do Sesc RJ
- Quem eu fui que me trouxe até aqui – Mariana Isaac de Oliveira
- Etarismo e relações de gênero na contemporaneidade – Raphaela Isadora Assunção Fernandes Neves
- De quem é a minha autoestima – Flavia
- Feminismo, Cosmos Não Caos – Flavia
- Mulheres Periféricas – Elisangela Bandeira
- Filosofia e mulheres sambistas por Helena Theodoro
- Ponto de partida e o pensamento transfeminista – Um convite a reflexão de gênero na atualidade por Amara Moira