
Setembro Amarelo: Literatura e Prevenção ao suicídio
Campanha Setembro Amarelo difunde anualmente a conscientização à prevenção do suicídio. A literatura é um veículo importante para o reconhecimento de sinais, e o encorajamento para pessoas se expressarem e buscar apoio necessário.
Por Vicente Costa
Bibliotecário e Analista de Literatura
“Angústia é fala entupida”. A frase da poeta Ana Cristina Cesar, que nos deixou precocemente aos 31 anos, evidencia a necessidade de amplo diálogo, orientação e estímulo à construção de redes de apoio para a manutenção da saúde mental e prevenção ao suicídio.
A origem do movimento de conscientização no mês de setembro remonta ao ano de 1994, quando o jovem estadunidense Mike Emme, cometeu suicídio aos 17 anos. Na cerimônia de funeral, amigos do jovem elaboraram cestas de cartões e laços amarelos com os dizeres “Se precisar, peça ajuda”, dado ao fato de tanto a família, quanto os amigos mais próximos não terem percebido sinais que Mike emitia. Em 2013, a Organização Mundial de Saúde instituiu o dia 10 de setembro oficialmente como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, no entanto a campanha acontece durante o ano todo. No Brasil, a campanha #SetembroAmarelo ocorre desde 2014. Segundo a OMS, a cada 40 segundos ocorre um suicídio no mundo. Em relação ao Brasil, há dados que indicam 32 mortes por dia.
Falar é a melhor solução
“Nove em cada dez mortes por suicídio podem ser evitadas”, segundo a OMS. Observamos a partir dos dados, portanto, que a fala, a escuta e um canal aberto de diálogo em si, são importantes aliados na prevenção. A literatura é uma potente forma de expressão e reflexão, e possui exemplos de textos e composições interessantes que tratam desde depressão, traumas a questões de saúde mental, e podem gerar maior acesso e debate ao assunto, que envolto de tabus e obstáculos é equivocadamente evitado.
Selecionamos algumas dicas literárias, veja a seguir:
- Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban, de J.K. Rowling
O livro traz as figuras dos “dementadores”, criaturas que atacam as personagens retirando suas lembranças positivas e sua disposição física tal qual a depressão pode acarretar as pessoas.
- Jamais Peço Desculpas por me Derramar, de Ryane Leão
O segundo livro de Ryane expressa através da poesia, temas como a depressão, frustrações e empoderamento. Neste link, a poeta recita um dos textos do livro, que escreveu em homenagem ao poeta Daniel Marques, falecido em 2018.
- Mrs. Delloway, de Virginia Woolf
O livro apresenta um personagem que sofre de estresse pós-traumático por ter participado da primeira guerra mundial. Ao longo do texto é possível ver como o personagem lida com suas questões e é possível ter empatia sobre sua situação.
- Um buraco com meu nome, de Jarid Arraes
A cordelista e poeta apresenta em poemas que versam sobre saúde mental.
- Norwegian Wood, de Haruki MurakamiO livro traz a história de um personagem que ao ouvir a música “Norwegian Wood” dos Beatles em uma viagem, se recorda de sua juventude e de um amigo que sofria de depressão durante a adolescência.
- O filho de mil homens, de Valter Hugo Mãe
O livro traz um personagem que sofre homofobia e demonstra como a solidão e os preconceitos são atravessados ao longo do texto.
- A redoma de Vidro, de Silvia Plath
Um livro quase autobiográfico, no qual a autora traz experiências com o luto que a personagem central precisou lidar.
- Slam 188
O Slam 188 é um coletivo poético formado no Rio de Janeiro, por poetas que desenvolvem textos e rodas de poesia com a temática da prevenção e manutenção da saúde mental e a busca de apoio.
- Podcast Rabiscos
Episódio: Precisamos falar de suicídio – para além do setembro amarelo e literatura.
Em tempo, tanto quanto a pessoa com necessidades verbalizar suas angústias é importante também o acolhimento. Fique atento aos sinais e dê escuta e visibilidade.
Se precisar, ou souber de alguém que necessite de ajuda, disque 188 no telefone e/ou entre em contato com o Centro de Valorização à Vida (CVV) através de suas redes sociais.
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