Dia do Orgulho LGBTQI+ Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ Literatura

Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+: Há um mundo fora do armário!

Nos 50 anos de comemoração do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, a literatura evidencia seu papel fundamental nas discussões sobre o estabelecimento dos direitos da comunidade gay.

Por Angelica Eichner, Camila Nunes, Malena Xavier, Raquel Mascarenhas e Vicente Costa – Bibliotecarixs e Analistas de Literatura do Sesc RJ

“Sem diversidade, não há democracia”. Esta frase, que foi um dos motes da 19ª Parada LGBT de São Paulo deste ano, ressalta a importância da construção de agenda que agregue a população gay e suas questões à sociedade. Desde 1970, no dia 28 de junho comemora-se o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, ocorrem não só celebrações, como também muitas atividades para a conscientização sobre os direitos de lésbicas, gays, transexuais, dentre outros que se identificam como não heterossexuais ou cisgêneros. A Rebelião de Stonewall, em Nova Iorque, considerada o marco zero para a luta organizada da comunidade gay, acende a chama das discussões sobre os direitos civis.

Por muitos séculos e até boa parte do século XX, ser homossexual era contra os costumes considerados padrões da sociedade em praticamente todo o mundo, não só nos Estados Unidos. As chamadas Leis Federais de Sodomia eram a base da repressão contra homossexuais nos Estados Unidos, e foram criadas ainda nas colônias estadunidenses no início do século XVI e caracterizava as práticas homossexuais como sendo contra a natureza. Até 1962 todos os estados mantinham as leis da sodomia e condenavam quem as praticava a penas severas e até a pena de morte.

Com o avançar das discussões ao longo dos anos as penas mais pesadas foram revistas, entretanto ainda assim ser homossexual significava viver à margem da sociedade, não tendo acesso a direitos básicos como outros cidadãos e sendo submetidos a todo tipo de violências. As leis federais estadunidenses proibiam agências do governo de contratar homossexuais e até hoje, embora haja muitas conquistas, ainda há membros da comunidade LGBTQIA+ que não conseguem se alistar, por exemplo. Dentre as muitas justificativas que permearam decisões até o início da década de 1980 é que a homossexualidade era considerada um “transtorno antissocial da personalidade”, sendo
tratada com terapia de eletrochoque e internação. Foi só em 1990 que a Organização Mundial da Saúde retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas relacionados à Saúde (CID).

Ser homossexual e usar trajes considerados os corretos para seu gênero de nascimento era tolerável, mas ser um homem com trejeitos femininos, ser mulher e vestir-se com roupas masculinas ou ainda mais grave, homem vestir-se e comportar-se como mulher era abominável. Ser travesti ou Drag-Queen era considerado crime e muitas vezes associados à prostituição. Bares clandestinos eram o único refúgio artístico e afetivo que homossexuais
encontravam. Stonewall era um destes bares, porém, como outros pertencia à máfia, que além de receber estes homens e mulheres, também traficava drogas, bebidas ilegais, aliciava jovens para a prostituição e subornava parte da polícia para manterem seus negócios.

Em 28 de junho de 1969, após denúncia, a polícia de Nova Iorque faz uma fiscalização em Stonewall, o bar gay mais conhecido na época e comandado pela máfia italiana, uma das mais violentas nos Estados Unidos. Na ocasião os policiais prendem não só pessoas que se encaixavam nas leis de perturbação da ordem, mas também o dono do bar, responsável pelo aliciamento e sequestro de homens jovens para a prática de exploração sexual. Foram noites
de embate entre uma multidão furiosa, que clamava por reconhecimento, e os policiais que tentavam controlar com resistência às movimentações.

Apesar da rebelião durar apenas alguns dias a luta não parou ali, os homossexuais frequentadores do bairro continuaram a mobilizar pessoas das regiões próximas à rua Christopher, endereço de Stonewall. O sentimento que permeou a todos era de que não poderiam voltar à normalidade dos dias de repressão. Embora na época já existissem grupos organizados em prol da causa gay, eles não tiveram tanta visibilidade quanto naquele momento. Dezenas de reuniões organizadas se formaram nas semanas seguintes e em 28 de junho de 1970, após um ano da Rebelião de Stonewall, marchas e protestos simultâneos ocorreram por diversas cidades, sendo a Assembleia na Rua Christopher a principal delas.

A marcha que se seguiu da Rua Christopher até o Central Park reuniu milhares de pessoas e é considerada a primeira marcha de orgulho gay dos Estados Unidos. Devido a proporção dos acontecimentos e das marchas em solo estadunidense, outras cidades espalhadas pelo mundo se inspiraram e passaram a também organizar manifestações simultâneas. As siglas como conhecemos hoje foram construídas em outros momentos da história, e na época das primeiras grandes reivindicações o movimento era conhecido como movimento gay. Dos grandes nomes que marcaram a luta nos Estados Unidos é possível identificar que majoritariamente eram figuras marcadas pelos seus traços femininos, as travestis e drag queens, como Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera. No aniversário de 51 anos da Rebelião de Stonewall, data na qual comemoramos o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, vemos cada vez mais surgirem as questões ligadas a gênero e sexualidade.

No Brasil, a década de 1970 também teve avanços nas discussões de gênero e sexualidade. Após anos de repressão e perseguição pela ditadura militar, é entre os anos de 1978 e 1981 que o jornal “O Lampião da Esquina” é publicado. Jornal assumidamente homossexual, aproveitou do abrandamento da ditadura militar para publicar matérias e reportagens que tinham como maior intenção de apresentar a marginalidade social à que gays eram expostos.

O jornal vivia em sua maior parte de doações de colaboradores. Publicava reportagens, indicações literárias, dicas culturais e outros temas aceitos em publicações do formato de tabloide. Por ser pensado, comandado e editado somente por homens, o jornal tinha uma maior preocupação com o público de homens gays, porém já questionava repressões a outros grupos. Em contrapartida, nesta mesma época, grupos feministas lésbicos ganhavam mais
força. Inspirado no Lampião da Esquina surgiu o “Chanacomchana”, jornal voltado à divulgação de atividades do movimento lésbico.

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