Dia Internacional da Mulher Negra

Sesc RJ celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha

O objetivo é discutir a força do feminino em tempo de superação dos desafios impostos as mulheres na vida cotidiana. 

Texto de Denise Anjos e Suzana dos Santos.

Ângela Davis diz: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”.

No dia 25 de julho, é celebrado Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. Em 1992, quando ocorreu o 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas que, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), lutou para o reconhecimento da data. No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, mulher negra e importante líder quilombola que liderou seu povo a resistir à escravidão por duas décadas, e foi responsável pelo desenvolvimento Quilombo do Quariterê, o maior de Mato Grosso.

Ainda pensando em Brasil, essa data se torna extremamente relevante pelo simbolismo de reforçar a possibilidade de refletir e viabilizar o lugar da mulher negra no contexto da sociedade brasileira, e estimular que as mesmas tomem consciência de suas potencialidades, dos espaços que ocupam e os que poderiam ocupar. No país, pessoas negras constituem mais da metade da população brasileira, no entanto ainda é grande a luta por legitimação e igualdade, pois mesmo sendo a maioria da população ainda ocorre sub representatividade em cargos de poder de diversas esferas.

O recorte racial somado ao de gênero amplifica e aprofunda as desigualdades enfrentadas por mulheres negras cis e trans em uma sociedade estruturalmente racista, machista, misógina e transfóbica, onde muitas vezes a luta dessas mulheres é pela própria sobrevivência, tendo em vista que mulheres negras são protagonistas nos piores indicadores sociais do país. Segundo o Atlas da Violência, a ampla maioria das mulheres assassinadas no Brasil eram negras, sendo também as principais vítimas de feminicídio; pela Síntese dos Indicadores Sociais do IBGE as casas chefiadas por mulheres negras representam também a maioria de lares abaixo da linha da pobreza; mulheres negras recebem menos da metade do salário de homens brancas no Brasil, independente da escolaridade. Mulheres negras também estão no topo dos índices de violências doméstica, obstétrica, mortalidade materna e encarceramento feminino no Brasil. Sem contar, recentemente, a pandemia de COVID-19 que interferiu negativamente de forma muito expressiva a vida dessas mulheres, ampliando e reforçando as já supracitadas desigualdades.

Por isso, nessa data é importante repensar o lugar de cada uma e cada um na construção de uma sociedade mais igualitária e equânime e no pensamento estratégico de desconstrução ou amenização do racismo estrutural e institucional. Também é pertinente saudar tantas mulheres negras inspiradoras em suas construções em diversas áreas, como: Dandara dos Palmares, Luísa Mahin, Maria Filipa, Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Dona Ivone Lara, Makota Valdina, Leci Brandão, Ruth de Souza, Elisa Lucinda, Conceição Evaristo, Jurema Werneck, Benedita da Silva, Jurema Batista, Marielle Franco, Mãe Menininha de Gantois, Lélia Gonzalez, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Mãe Stella de Oxóssi, entre tantas outras.

Seminário Saber-se Negra: tempo de anunciação

As comemorações referentes ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha iniciaram no dia 16 de julho com o Seminário “Saber-se Negra: tempo de anunciação”.

O evento aconteceu no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (MUHCAB), reunindo centenas de pessoas para refletirem sobre as diversas expressões que tangem o feminino, além de combater preconceitos, desigualdades e descriminação.

Durante a programação, que contou com oficinas, palestras, rodas de conversa e apresentações artísticas, os participantes discutiram sobre a força do feminino em tempo de superação dos desafios impostos as mulheres na vida cotidiana, além de valorizar as realizações e as conquistas de todas mulheres no período de pandemia.

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