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Cinema: confira as dicas da semana

Por Leandro Luz

Nesta semana, os filmes indicados possuem uma abordagem que dialoga com o momento em que estamos passando no Brasil e no mundo: ao passo que grande parte da população está em casa, saindo o mínimo possível e evitando o contato físico com outras pessoas, talvez seja interessante olhar para algumas obras que dialoguem com a noção de encontro. Os encontros e também os desencontros norteiam as propostas temáticas e formais dos sete longas-metragens listados abaixo, seja num musical francês da década de 1960 ou num filme infanto-juvenil brasileiro baseado nos personagens de uma das histórias em quadrinhos mais conhecidas do país. Todos estão disponíveis em plataformas de streaming e podem ser assistidos a qualquer momento.

Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg, 1964)
Musical dirigido pelo francês Jacques Demy, estrelando uma Catherine Deneuve ainda em relativo início de carreira. Romance e drama em diálogo constante nesse filme hiper colorido sobre um casal separado pela guerra e a difícil escolha de uma mulher dividida entre a espera de um reencontro e a possibilidade de um novo recomeço. Recomendado para quem ama musicais (daqueles em que os personagens cantam mesmo, a todo tempo) e para os que querem conhecer um pouquinho mais do cinema romântico e trágico de Demy. Disponível no Telecine Play.

Stalker (1979)
Quando passamos a trilhar um caminho mais atento pela história do cinema, investigando vozes que fujam do eixo hollywoodiano contemporâneo, invariavelmente esbarramos com a obra de Andrei Tarkovski. O sétimo longa-metragem dirigido pelo cineasta russo – que faria ainda outros quatro antes de falecer em dezembro de 1986 – acompanha três personagens em sua jornada pela área conhecida como “a Zona”. O destino é achar uma sala misteriosa que, acredita-se, realiza os desejos de quem a encontra. A abordagem de Tarkovsky é onírica, descontínua, angustiante… enfim, mil adjetivos não dariam conta de traduzir a sensação provocada por Stalker. A jornada aqui é arriscada, sem dúvida, e cabe aos corajosos (ou incautos) aceitá-la, de preferência evitando o cinismo e a indiferença. Um grande filme sobre os percalços, físicos, mentais ou mesmo metafísicos, dos desencontros. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

Um Passaporte Húngaro (2001)
Uma cineasta em busca de sua própria identidade. Responsável também por outros filmes como Mutum (2007) e o mais recente Três Verões (2019), Sandra Kogut dirige essa obra majoritariamente documental, adotando uma abordagem muito pessoal na maneira como conduz uma espécie de jornada rumo ao autoconhecimento. Bill Nichols, teórico e crítico de cinema norte-americano, atribuiu o termo “performático” para enquadrar filmes como este. Um Passaporte Húngaro gira em torno da própria busca da diretora, quase uma investigação subjetiva a partir de um discurso em primeira pessoa e, sobretudo, na sua presença constante assentada no centro da narrativa. Um marco importante no cinema brasileiro que influenciou outros cineastas e contribuiu para um maior interesse na produção desse tipo de documentário. Uma reflexão sobre encontrar a si mesmo e sobre localizar as perspectivas das próprias origens. Disponível no Spcine Play.

Cidade de Deus: 10 Anos Depois (2013)
Não há dúvidas que Cidade de Deus ficou impresso no imaginário do espectador brasileiro. O longa-metragem dirigido por Fernando Meirelles e Katia Lund, nomeado em quatro categorias do Oscar em 2004, estabeleceu um parâmetro para o cinema nacional em termos de produção e impulsionou a carreira de diversos atores e técnicos, inclusive para o mercado internacional. A proposta do documentário de Cavi Borges e Luciano Vidigal é localizar os atores que fizeram parte dessa história e refletir sobre como o sucesso do filme influenciou as suas vidas. As discussões sobre classe e o papel do racismo na sociedade são apenas alguns dos vários tópicos que se revelam a partir das conversas. O reencontro, 10 anos depois, expõe muito mais do que uma história de prêmios e triunfos. Disponível no Netflix.

Deixe a Luz do Sol Entrar (Un Beau Soleil Intérieur, 2017)
Isabelle é uma artista plástica em busca do amor verdadeiro. Mãe, divorciada e repleta de energia para conciliar os insucessos masculinos que a rodeiam, a personagem interpretada por Juliette Binoche não mede esforços para encarar de peito aberto novos rompantes amorosos. A diretora Claire Denis (Bom Trabalho e 35 Doses de Rum) propõe uma aproximação com os corpos das personagens diferente do que costuma fazer – seus filmes são geralmente mais sujos, agressivos, granulados; aqui, por sua vez, ela permite, como fica bem evidenciado no seu título, que o sol apareça com mais frequência. O curioso é que, à medida em que nos tornamos cada vez mais íntimos da protagonista, acompanhando cada novo encontro, sexual ou não, fica a impressão de que a conhecemos ainda menos. Cada minuto que passa é suficiente para colocar em cheque toda uma análise mais racional de sua personalidade. Certamente é o mais perto que Denis chegou de escrever e dirigir uma comédia romântica. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

O Dia Depois (Geu-hu, 2017)
Em 2019, diversas Unidades do Sesc RJ exibiram uma mostra dedicada ao cineasta sul-coreano Hong Sang-soo, uma das presenças mais interessantes e metódicas do cinema contemporâneo mundial. Este é um dos três filmes lançados por ele só em 2017. Para que se tenha uma ideia mais precisa de seu trabalho ágil e prolífico, em apenas dez anos o cineasta dirigiu quinze longas-metragens de ficção, um curta e um documentário. Seus filmes geralmente são leves e cômicos, apesar de sempre proporcionarem momentos dramáticos pontuais e muito fortes, e seus personagens são frequentemente marcados pelo clima da juventude boêmia e urbana da Coréia. O Dia Depois competiu pela Palma de Ouro em Cannes e acompanha a personagem Areum, recém contratada por Bongwan e que é confundida, de certo modo, com outra mulher que acaba de abandonar o seu posto de trabalho. A protagonista é interpretada pela talentosa Kim Min-hee, atriz recorrente nas obras de Sang-soo nesta última década, e que ficou um pouco mais conhecida pelo público ao protagonizar o filme A Criada, do também sul-coreano Park Chan-wook. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

Turma da Mônica: Laços (2019)
Floquinho, o cachorro do Cebolinha, desaparece e o menino resolve bolar um plano infalível para resgata-lo. Mônica, Magali e Cascão se juntam ao amigo para encarar essa aventura juntos e trazer o mascote de volta para casa. Baseado na história em quadrinhos escrita pelos irmãos Lu e Victor Cafaggi, por sua vez inspirada nos personagens e no universo criados por Maurício de Sousa, o filme de Daniel Rezende é a primeira adaptação da Turma da Mônica em live action para os cinemas – ou seja, com atores interpretando os personagens em carne e osso, sem o uso de “fantasias” ou de técnicas de animação. O diretor se aventura no universo infanto-juvenil após ter dirigido seu primeiro longa-metragem sobre outro ícone da cultura pop no Brasil, Bingo: O Rei das Manhãs. Rezende também possui uma trajetória longa como editor, assinando a montagem de filmes nacionais e internacionais como Ensaio Sobre a Cegueira, Tropa de Elite, Cidade de Deus e A Árvore da Vida. A continuação no cinema desse universo, que ocupa um lugar muito querido para grande parte dos brasileiros, já está gravada e se chamará Turma da Mônica: Lições. Para quem perdeu na telona ou quer rever agora em casa – com ou sem os filhos, afinal de contas há gerações esses personagens habitam o nosso imaginário – sugiro não perder muito tempo e dar logo o play 😉 Disponível no Telecine Play.

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