Salve o Samba!
Africanidade e pertencimento. Resistência e resiliência. Tradição e renovação.
Por Dilson Jr, Analista de Cultura do Sesc Madureira
Alô meu povão da quarentena! A hora é essa! Devagar devagarinho, como diz o baluarte Martinho da Vila, a playlist RIO DE SAMBA chega ao Spotify do Sesc RJ (), escorrendo pelo leito de seu curso o som de diversos artistas que passaram por nossos palcos nos últimos anos, e que agora estarão na sua casa, tocando em seus ouvidos e na sua alma.
“Samba é a verdade do povo.
Ninguém vai deturpar seu valor.”
(Antônio Candeia Filho)
A palavra samba, presente no cotidiano brasileiro desde o século XIX, quando era definida simplesmente como “um tipo de dança de negros”, tem inegável origem na África. Arte eminentemente popular, antes de ser visto e definido como gênero de música, o termo samba se aplicava a qualquer estribilho batucado de feição africana. Esses refrões, coros e batucadas vieram da Bahia para o Rio de Janeiro e foram difundidos principalmente a partir das comunidades negras aquilombadas em espaços de resistência da cidade, como a Pequena África e a casa da Tia Ciata. Os cantos e batuques resistiram e se apropriaram de vivências e sons até que em 1916, o violonista e compositor Ernesto dos Santos, o Donga, registrou na Biblioteca Nacional a obra “Pelo Telefone”, chamando-a “samba carnavalesco”, considerada a primeira música oficialmente registrada e gravada como samba.
“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é.
É ruim da cabeça ou doente do pé.”
(Dorival Caymmi)
Mais de 90 anos depois, em 2007, seriam reconhecidas como patrimônio imaterial do Brasil, as “Matrizes do Samba no Rio de Janeiro: Partido Alto, Samba de Terreiro e Samba-Enredo”.
Iremos dos mestres Nei Lopes, Martinho da Vila e Moacyr Luz aos discípulos Diogo Nogueira, Nego Álvaro, João Martins e João Cavalcanti. Das Velhas Guardas da Portela, Império Serrano e Mangueira, passando por referências como Marquinhos de Oswaldo Cruz e Cláudio Jorge, até as novas gerações de Alfredo del Penho, Lúcio Sanfilippo e as novíssimas de Fred Tavares e Lucas de Moraes. Dos bambas Serginho Meriti e Toninho Geraes aos malandros Moyses Marques e Pedro Miranda. Da ancestralidade das matriarcas do Jongo da Serrinha e Glória Bonfim à resistência e representatividade de É Preta, Samba Que Elas Querem e Lu Fogaça. E finalmente, das batucadas do Fundo de Quintal ao canto forte do Galocantô e boa energia do Arruda.
Então afaste os móveis, dê o play e curta nosso ritmo nacional por excelência, genuína manifestação da cultura afro brasileira, O SAMBA.
Saiba mais sobre a obra de Nei Lopes (sambista; compositor e intérprete de música popular; doutor, escritor e estudioso das culturas africanas, no continente de origem e na diáspora) clicando aqui.
Conheça a região da Pequena África.
Vídeo “teaser” do roteiro, aqui.
Baixe o App Pequena África para Android e IOS.
Documentário “Matrizes do Samba no Rio de Janeiro”, produzido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como parte do processo de registro de reconhecimento: parte 1 e parte 2.
SALVE A CULTURA POPULAR BRASILEIRA!
SALVE O SAMBA!