Sesc Duque de Caxias exibe talentos femininos da Arte Naif da Baixada Fluminense

O Sesc Duque de Caxias exibe até 15 de junho a exposição “Poéticas Femininas: Mulheres e Arte Naif na Baixada Fluminense”, que reúne obras de quatro mulheres residentes de diferentes cidades da região. Nas telas, pintadas à óleo e à tinta acrílica, Elaine H. de Lira (Nova Iguaçu), Noeli Rocha (Mesquita), Sônia Monteiro (Magé) e Susi Emerich (Magé) evocam brincadeiras da infância, cenas do cotidiano, festejos populares, paisagens e mundos oníricos, na maioria das vezes representados com cores fortes e vibrantes, em criações espontâneas e autodidatas, com referências ao campo da Arte Naif.

Com curadoria de Monica Sica, a mostra é composta por 20 telas, que revelam a maneira singular de expressão que cada artista apresenta por meio dessa manifestação artística. As obras dialogam e se diferenciam entre si, provocando infinitos diálogos e leituras. Com a exposição, o Sesc valoriza e estimula a refelexão sobre as poéticas artísticas de cunho popular, destituídas de técnicas acadêmicas, e que valorizam a cultura local.

SERVIÇO

Exposição “Poéticas Femininas: Mulheres e Arte Naif na Baixada Fluminense”
Sesc Duque de Caxias: Rua General Argolo, 47 – Centro
Visitação: Terça a sábado, das 8h às 17h
Visitas mediadas agendadas: terça a sábado, às 10h ou 15h
Até 15 de junho
Terça a Sábado, 8h às 17h
Visitas mediadas agendadas: Terça a sábado, às 10h ou 15h
Até 15/06/2019
Entrada franca
Informações: (21) 3659-8377

 

SAIBA MAIS SOBRE AS ARTISTAS

ELAINE H.DE LIRA

Elaine Carmen de Araújo Paiva nasceu em Recife, Pernambuco, em 23 de julho de 1954. É moradora de Nova Iguaçu há muitos anos, tendo passado sua infância dividida entre essas duas cidades. Adotou como nome artístico Elaine H. de Lira

Desde muito pequena, Elaine convive com o desenho e a pintura, brincando com lápis de cor e aquarelas que ganhava de sua mãe. Suas primeiras experiências no campo das Artes se deram ainda em Recife: com apenas 8 anos já fazia esculturas de areia na praia, que eram levadas pelas águas, o que a aborrecia muito. Segundo a própria artista muitos momentos de sua infância foram passados “desenhando pelos cantos”, brincando sozinha, criando personagens, distante das brincadeiras das crianças, pelas quais ela não se interessava.

Em Nova Iguaçu casou-se, teve filhos e está há 25 anos trabalhando em Escola Estadual como produtora cultural, realizando diversas oficinas de criação artística com um trabalho que muito a gratifica, pela oportunidade de ver várias gerações crescendo com Arte.

E foi na escola que encontrou o conceito de Naif: ao pintar um painel em papel panamá para uma festa junina, a artista acabou por relacionar sua produção às concepções que ela mesmo tinha de pintura naif, e isso a estimulou a pintar mais, buscando na sua infância e no conhecimento que tem da cultura brasileira, inspiração para sua pintura. Para Elaine o conceito Naif está ligado ao movimento das pessoas em suas vidas cotidianas, é uma pintura que conta a história de um povo. Uma das características de sua obra é ter um grande número de pessoas em cena, em festas populares, procissões e outros rituais de encontro e movimento das massas.

Elaine diz que diante de tantos artistas naifs reconhecidos, com trajetórias longas e sedimentadas, ela nem sabe se pode se considerar também uma pintora naif. Mas quando pensa nos seus quadros realizados com a ideia de representar o movimento das pessoas, contando a história de um povo, a artista pensa que dessa forma pode sim,considerar seu trabalho com referências na arte naif.

Moradora de Nova Iguaçu, Elaine considera que através da pintura Naif procura colocar em suas telas o movimento da vida.

SÔNIA MONTEIRO

Sônia nasceu em Magé, em Vila Inhomirim, no dia 13 de outubro de 1966.

A artista recorda que o seu fazer criativo remonta à época de sua infância, quando fazia vasinhos de plantas decorados e tinha como referência os bordados e colchas de retalhos de sua avó. Sonhava em ser artista, mas a vida trouxe dificuldades, obrigando que seu sonho ficasse adormecido por algum tempo.

Aos 13 anos foi obrigada a interromper seus estudos e começar a trabalhar para ajudar em casa. E só mais tarde, quando já tinha 32 anos e 2 filhos que ela pode, então, voltar a estudar. E foi aí, que um professor de Arte a incentivou, dizendo a ela que seu fazer era autodidata, e que ela era uma artista Naif. A partir de então, Sônia já participou de mais de 50 exposições, e produz acreditando na legitimação que a consagra nesses eventos.

“As obras que faço revelam um olhar com tudo que percebo e expresso em forma de arte. Eu vejo a arte como forma de resistência, superação, expressão e reflexão. Invenção e Reinvenção”.

Sônia se considera uma artista naif, pois não se preocupa em representar fielmente a realidade, mas sim em representar o cotidiano, o dia a dia, como também coisas imagináveis, usando sempre muitas cores.

É professora de artesanato na Escola Municipal Parque Bonneville em Magé, como também promove oficinas de artes com bonecos feitos a partir de material reciclado. É coordenadora do Fórum Cultural da Baixada Fluminense.

NOELI ROCHA

Filha de pais alagoanos, Noeli nasceu em Ricardo de Albuquerque e quando tinha seis anos sua família mudou-se para Mesquita, para uma casa com quintal, que parecia um sítio, onde junto aos irmãos viveu uma infância muito divertida. Brincava de roda, ouvia histórias contadas por sua mãe e brincava no rio, diretamente na natureza, convivendo com animais e com toda a diversidade desse lugar.

Aos 11 anos foi trabalhar como dama de companhia de uma senhora no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, com quem pela primeira vez visitou galerias de arte, museus; a partir de então passou a se interessar pelo mundo da arte, ampliando seus conhecimentos.

Foi casada com o artista plástico e compositor Roque da Paraíba, que foi seu grande incentivador, aquele que estimulou Noeli a desenhar e a pintar. Assim ela foi exercitando esse fazer, sem mesmo acreditar que poderia ser uma artista. Conviver com arte, ir a galerias, a teatros e museus sempre inspirou Noeli a pintar, segundo ela mesma conta, como também ser convidada a expor em galerias e centros culturais. É um desafio e um reconhecimento.

Com 43 anos de vida artística, produzindo pinturas, Noeli Rocha considera sua obra um Naif legítimo, pois retrata o cotidiano do povo brasileiro, com inspiração nas brincadeiras da infância, das histórias contadas por seus pais e pelo esposo Roque da Paraíba, revelando diferentes manifestações da cultura brasileira.

A artista teve seu trabalho reconhecido no lugar onde reside, sendo homenageada com o prêmio Brasilidade, conferido pela prefeitura de Mesquita em 2014, com sua obra estudada pelas escolas locais e apresentada em desfile Cívico. Noeli já expôs 2 vezes no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde pôde vender pinturas para países como França, Itália, Alemanha, Finlândia e Argentina.

A artista é também animadora cultural na Escola Estadual Vila Bela em Mesquita, onde se sente gratificada em poder proporcionar a muitas gerações um encontro com a capacidade humana de criação através da arte.

SUSI EMERICH

Susi Emerich nasceu em Magé em 20 de agosto de 1969 e passou sua infância no distrito de Santo Aleixo. A artista conta que nesse período era muito quietinha, que praticamente não brincava por problemas de saúde e que hoje com a profissão de psicopedagoga, promove e acredita no brincar como forma de expressão e criação, como forma de resgate de seu ser brincante, não vivido na infância.

Inspirada no brincar e na liberdade de criação das crianças, a artista Susi Emerick considera que foi então que encontrou com a palavra Naif. Na liberdade de criação em pintura, sem preocupação com habilidade, livre de padrões ou formas pré-estabelecidas, mas pensando que a liberdade traz uma forma de fazer. Susi entende que o Naif é aquela pintura que remete à infância, com traços simples e muitas cores.

Conta que descobriu a pintura espontaneamente, por isso se considera autoditada e declara ter descoberto a arte pelo desejo de se expressar. “Eu queria pintar algo que tocasse a criança, onde houvesse um encontro com a criança. Esse contexto de vida me inspira a pintar.”

A artista se entende como uma psicopedagoga que pinta, como forma de dizer ao mundo coisas que pensa e que tem dentro da profissão, como a questão do brincar. Uma artista plástica em construção, ainda concebendo essa ideia e encontrando no Naif uma oportunidade de voltar à infância e se auto – curar, acreditando na expressão das crianças através do brincar, como também na capacidade humana de se expressar livremente através da pintura.

Susi acredita em um mundo mais leve, aprendendo com a Arte a ver a vida de forma mais integrada à natureza. O encontro com a Arte Naif lhe deu asas para voar alto e voltar à infância, expressando através da pintura o encontro entre infância, expressão criadora e o brincar.

 

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