CCSQ realiza nova fogueira do projeto Insurgências Indígenas neste sábado (9/8)

Roda de conversa reúne artistas e lideranças indígenas no Centro Cultural Sesc Quitandinha, com entrada gratuita.

O Sesc RJ promove neste sábado (9/8) mais uma edição das fogueiras do projeto “Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência“, no Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ). Com o título “Tata Ypy – Memória-Futuro”, o encontro acontece das 14h às 17h e será marcado por uma roda de conversa com artistas e lideranças indígenas de diferentes regiões do país. A atividade, gratuita, integra a programação de uma grande exposição de artes visuais, assinada por artistas indígenas, que está sendo composta gradualmente no local.

Sob curadoria de Sandra Benites e Marcelo Campos, com assistência curatorial de Rodrigo Duarte, o evento e a mostra propõem uma reflexão sobre o papel da memória na construção de futuros possíveis a partir da perspectiva dos povos indígenas. Segundo a curadoria, o objetivo é reunir diferentes experiências e trajetórias para discutir como a arte e os saberes tradicionais seguem atuando como instrumentos de resistência cultural e afirmação identitária.

Participam da roda os artistas e lideranças Xadalu Tupã Jekupé, Tereza Arapium, Mboruvixa Vera Xondaro, Miguel Vera Mirim e Duhigo Tukano, com mediação dos curadores. A abertura do evento contará com uma apresentação do Coral Guarani.

Projeto avança através das fogueiras
As “fogueiras” são momentos de ativação pública da exposição Insurgências Indígenas, atualmente em cartaz no CCSQ. Inspiradas nos encontros tradicionais de escuta e partilha presentes em diversas culturas indígenas, as fogueiras funcionam como espaços para troca de ideias, circulação de saberes e diálogo entre artistas, pensadores e o público. De acordo com a curadoria, a proposta é valorizar a oralidade como forma de preservação da memória e transmissão de conhecimento.

A exposição Insurgências Indígenas reúne obras de artistas indígenas contemporâneos de diferentes regiões do Brasil, com trabalhos que abordam temas como território, ancestralidade, espiritualidade e resistência. A abertura é gradual, sendo que a previsão é de que a mostra esteja completa dia 23 de agosto, com mais de cem novas obras se incorporando ao conjunto expositivo.

SERVIÇO:
Projeto Insurgências Indígenas: Arte, Memória e Resistência
Debate com artistas e lideranças indígenas
Dia 9 de agosto de 2025 (sábado) – das 14h às 17h
Centro Cultural Sesc Quitandinha (CCSQ)
Av. Joaquim Rolla, nº 2 – Quitandinha, Petrópolis – RJ
Entrada gratuita
Participações: Xadalu Tupã Jekupé, Tereza Arapium, Mboruvixa Vera Xondaro, Miguel Vera Mirim, Duhigo Tukano
Mediação: Marcelo Campos e Sandra Benites
Apresentação de abertura: Coral Guarani

SAIBA MAIS SOBRE ALGUMAS OBRAS EXPOSTAS

  1. Nhemonguetá Porã: palavras que transformam – Édson Nhandeva
    A instalação de Édson Nhandeva mergulha o visitante na espiritualidade e sabedoria ancestral do povo Guarani Nhandeva, onde a oralidade é força de resistência, cura e conexão com os sonhos. Com elementos visuais e sonoros, como cantos sagrados e totens com grafismos, a obra afirma a importância da língua e da escuta como atos políticos diante do apagamento cultural indígena. Mais que arte, é um gesto diplomático pela vida, memória e continuidade dos povos originários.
  2. Avati Morotî: alimento do espírito – Michely Kunhã Poty
    A obra da cineasta e pesquisadora Guarani Kaiowá Michely Kunhã Poty evoca o poder sagrado do milho branco (avati morotî) como símbolo de memória, espiritualidade e resistência. Com base em pesquisa em aldeias do MS, a artista mostra como a semente é parte do corpo do criador e sustenta rituais de conexão entre passado, presente e futuro. Ao valorizar os saberes das anciãs e a ciência indígena, a instalação planta, simbolicamente, um território de reexistência frente ao apagamento cultural.
  3. Corpo-presença: floresta que somos – Lia e Luakam Anambé
    Nesta instalação sensível e potente, as artistas Lia e Luakam Anambé transformam bonecas artesanais em corpos de memória e resistência. Dispostas em uma árvore, um barco e uma rede, as Bonecas Anaty representam trajetórias de lideranças indígenas e expressam o enraizamento, as travessias e o acolhimento dos povos originários. A obra convida o público a romper estereótipos e a reconhecer no corpo indígena uma presença viva, política e insurgente — onde arte e vida se fundem.
  4. Entre tramas e territórios – Associação de Artesãos de Novo Airão (AANA)
    Cinco esteiras de tupé, feitas com fibras naturais e grafismos tradicionais, formam uma instalação que entrelaça a sabedoria ancestral do povo Baré com a resistência cotidiana na Amazônia. Criada por mulheres da Associação de Artesãos de Novo Airão, a obra transforma objetos de uso comum em mapas sensíveis de territórios, ciclos da natureza e vínculos comunitários. É um gesto coletivo que afirma a arte indígena como prática viva, contemporânea e politicamente enraizada na floresta.
  5. Nossos nomes, nossa terra – Tsamie Xavante
    A instalação visual de Tsamie Xavante convoca o público a escutar, ver e reconhecer lideranças indígenas como protagonistas de suas narrativas. Por meio de ilustrações e depoimentos de ativistas como Galdino Pataxó, Txai Suruí e Catarina Nimbopyruá, a obra rompe estereótipos coloniais e afirma a insurgência de uma geração conectada, politizada e autorrepresentada. É arte digital como manifesto, onde a imagem vira flecha e a escuta vira território de reexistência.
  6. Maywaka: mundos entrelaçados, memórias em movimento – Keyla Palikur
    Na obra Maywaka, a artista Palikur-Arukwayene Keyla Palikur realiza uma potente releitura digital de imagens produzidas em 1925 sobre seu povo pelo etnólogo Curt Nimuendajú, convertendo-as em gesto de reconexão e ocupação simbólica. Inspirada no conceito de Maywaka — mundo onde convivem humanos, animais e seres invisíveis —, a instalação afirma a memória, a presença e a identidade do povo Palikur-Arukwayene, unindo ancestralidade, espiritualidade e arte digital como forma de resistência e afirmação cultural. O trabalho propõe outra temporalidade e outra história, contadas por quem vive e herda essas memórias.
  7. Alicerce – Andrey Guaianá Zignnatto
    A obra Alicerce, de Andrey Guaianá Zignnatto, inverte simbolicamente as bases da sociedade colonial ao sustentar blocos de concreto com cerâmicas decoradas por grafismos indígenas. Essa tensão entre o peso da modernidade e a leveza resistente do barro denuncia a marginalização dos saberes originários e confronta a “grilagem intelectual” imposta pela história oficial. Ao deslocar o centro de gravidade da obra para os conhecimentos ancestrais, o artista Dofurêm Guaianá propõe uma nova fundação simbólica: onde antes havia apagamento, agora há presença, memória e espiritualidade.

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