Nosso Analista de Cultura, Leandro Luz, nos apresenta Festivais de cinema brasileiros com filmes em sessões gratuitas e virtuais. 

O segundo semestre pandêmico de 2020 exigiu das organizações e empresas produtoras dos festivais de cinema muita luta e resiliência. Uma verdadeira batalha precisou ser travada, especialmente no Brasil, contra o apagamento das manifestações artísticas e pela sobrevivência das atividades culturais. Por outro lado, esta segunda metade do ano também reservou ao público uma possibilidade inédita: os filmes não estão mais estão associados aos seus locais fixos de exibição.

O que antes era chamado de “braço virtual” agora virou corpo. As sessões de cinema não estão mais restritas a um espaço físico e habitam as casas e as telas de norte a sul do país. E, por mais que saibamos que grande parte da população brasileira ainda precisa conviver com uma precariedade enorme no que tange o acesso à internet, não podemos negar que esse movimento de afirmação/sobrevivência virtual da arte garante um espaço importante para a democratização da difusão desses conteúdos audiovisuais.

Festivais e mostras de cinema como o Ecrã e o Curta Kinoforum, por exemplo, que até o ano passado eram realizados majoritariamente de forma presencial apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, neste ano podem ser acompanhados no Brasil e no mundo inteiro por meio da disponibilização virtual de suas ações, que envolvem exibições de filmes, instalações e performances a mesas de debate, palestras, entre diversas outras atividades.

No futuro, quando pudermos novamente pensar em sessões de cinema em ambientes fechados, não haverá mais a possibilidade de pensarmos no virtual apenas como mero acessório. Enquanto esse futuro não chega, aproveitemos ao máximo o que há de real/virtual disponível nas redes. As indicações desta semana contemplam ações desenvolvidas por alguns desses festivais e mostras de cinema em atividade.

4º Festival Ecrã de Experimentações Audiovisuais (20 a 30 de agosto)

O Ecrã está em sua quarta edição com mais de 100 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens, instalações, performances, videoartes, mesas redondas e palestras. O Sesc RJ foi parceiro do Festival na sua terceira edição, em 2019, levando parte da programação para territórios descentralizados como Madureira, bairro da zona norte carioca, e São Gonçalo, município do leste fluminense. Em 2020, o Ecrã acontece com grande potência, desenvolvendo suas atividades por meio do site e do canal do YouTube.

Destaques da programação: “Sertânia” (Geraldo Sarno, 2019), “Telemundo” (James Benning, 2018), “Postdigital Flipbook” (Pablo-Martín Córdoba, 2020), “É Rocha e Rio, Negro Leo” (Paula Gaitán, 2020), “Sofá” (Bruno Safadi, 2018), “A Morte Branca do Feiticeiro Negro” (Rodrigo Ribeiro, 2020).

Curta Kinoforum – 31º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo (20 a 30 de agosto)

Tradicional festival de curtas, o Kinoforum está em exibição com várias sessões diárias até o dia 30 deste mês. Ao contrário do Ecrã, os filmes não ficam disponíveis todos os dias, portanto é preciso checar a agenda no site para identificar os dias e os horários que cada filme será exibido ou reprisado.

Destaques da programação: “Calmaria” (Leonardo Cata Preta, 2020), “Cinema Contemporâneo” (Felipe André Silva, 2019), “O colírio do Corman me deixou doido demais” (Ivan Cardoso, 2020), “Tandem” (Vivian Altman, 2019).

Semana Semana (Semana de Cinema)

A cada semana, até o final do ano, uma nova sessão com dois curta-metragens ficam disponíveis online para assistir a qualquer hora, seguida de um debate todas às terças-feiras, 20h. A curadoria desta ação da Semana de Cinema foi feita a partir do conjunto dos filmes inscritos para 2020 e também de obras que compuseram as edições anteriores. O Sesc RJ foi parceiro da Semana em 2018 com o Circuito Sesc, apresentando obras de realizadores locais do estado do Rio de Janeiro e realizando diversas ações em parceria com o festival.

Destaques da programação: “Filme de Domingo” (Lincoln Péricles, 2020), “Glória” (Nádia Oliveira e Yaminaah Abayomi, 2019), “Sólon” (Clarissa Campolina, 2016), Debate “Territorialidades e a urgência de fazer filmes” (com mediação do realizador Lorran Dias).

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