18 de outubro de 2025

Auditório do Arte Sesc – Espaço Cultural
Rua Marquês de Abrantes, 99 – Flamengo

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Programação 2025

9h30 às 11h | Curadoria, história e preservação no audiovisual

Participantes: Hernani Heffner, Laura Batitucci e Lila Foster

Mediação: Tetê Mattos

Esta mesa propõe refletir sobre o papel da curadoria na preservação de acervos fílmicos e na construção da memória audiovisual. Mais do que armazenar obras, os arquivos e cinematecas funcionam como territórios ativos de mediação cultural, onde seleção, investigação e exibição se entrelaçam com processos de identidade, pertencimento e resistência. Serão discutidos desafios contemporâneos de pensar conjugadamente preservação e exibição, estratégias de acesso e difusão, e a importância da preservação como ferramenta de cidadania, diversidade e memória coletiva.

11h15 às 12h45 | Curadoria em cineclubes e territórios periféricos

Participantes: Clementino Junior, Gleyser Ferreira e Josy Antunes

Mediação: Heraldo HB

O foco desta mesa é a curadoria em cineclubes e espaços culturais periféricos, mostrando como essas iniciativas ampliam o acesso a filmes, fomentam novas perspectivas estéticas e políticas, e conectam comunidades ao cinema. Serão discutidos desafios, estratégias de inclusão e os impactos sociais de práticas curatoriais que dialogam diretamente com realidades locais.

15h às 16h30 | Mostras e festivais de cinema: gestos curatoriais contemporâneos

Participantes: Arthur B. Senra, Emílio Domingos e Kênia Freitas

Mediação: Diogo Cavour

Esta mesa aborda a curadoria em festivais e mostras de cinema, refletindo sobre o gesto analítico do exercício curatorial em suas múltiplas dimensões: de seleção, de proposição e intervenção na história. Tendo a curadoria como uma posição estratégica dentro do sistema artístico-cultural, a mesa trata da pluralidade estética e política, e a responsabilidade ética na formação do público. Serão exploradas experiências que evidenciam como curadoras e curadores atuam para ampliar os espaços de visibilidade para diferentes narrativas, equilibrando tradição e inovação.

16h45 às 18h15 | Entre imagens e espaços: o exercício curatorial nas intersecções entre o cinema e outras linguagens artísticas

Participantes: Barbara Copque, Carmen Luz e Janaina Damaceno Gomes

Mediação: Milena Manfredini

Esta mesa investiga o exercício curatorial nos territórios de intersecção entre cinema, artes visuais e outras linguagens, explorando práticas que borram limites e ampliam possibilidades de fruição. A discussão enfatiza como a curadoria pode reinventar a experiência estética e crítica das obras, reinterpretando e combinando cinema, exposições, performance e dança. Serão abordadas estratégias que desafiam convenções, reinventam espaços e provocam encontros inesperados entre imagens, sons e públicos, evidenciando o potencial transformador da prática curatorial em contextos híbridos e experimentais.

Participantes do Seminário

Arthur B. Senra

Professor da área audiovisual do Instituto Federal de Brasília (IFB), campus Recanto das Emas. Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília, com pesquisa voltada para a curadoria em cinema, é também especialista em Processos Criativos em Palavra e Imagem (PUC Minas) e graduado em Comunicação Social com ênfase em Cinema e Vídeo (Centro Universitário UNA). Atua como diretor, montador, curador e programador de cinema e audiovisual. Entre suas experiências profissionais, destacam-se: a curadoria e programação da sala de cinema do Sesc Palladium (2016–2018); o trabalho no Centro de Referência Audiovisual – atual Museu da Imagem e do Som (2006–2008); a coordenação audiovisual da ONG Favela é Isso Aí (2009–2011), incluindo a curadoria do festival Imagens da Cultura Popular Urbana; e a colaboração com a Mostra Udigrudi Mundial de Animação – MUMIA (2006–2015). Atuou ainda na equipe de seleção internacional do 19º Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte (2016) e como jurado em festivais como a Mostra Sesc de Cinema (MG), o Recanto do Cinema, o FestiFrance e o Festival Educação Integral de Minicurtas. Desde 2018, integra a equipe de curadoria e programação do Festival Curta Brasília.

Bárbara Copque

Descendente do recôncavo baiano, mas foi criada no subúrbio do Rio. É antropóloga, artista visual, curadora, pós-doutora, profa. adjunta no curso de Cinema da FEBF/UERJ, conselheira do Museu Afrodigital do Rio/UERJ, do acervo Januário Garcia/Instituto Moreira Salles, coordena os grupos Afrovisualidades: Estéticas e Políticas da Imagem Negra, Núcleo de estudos visuais em periferias urbanas e os projetos Rádio UERJ e Laboratório de Recursos Audiovisuais. Participa de exposições, fez textos críticos na 35ª Bienal de São Paulo, na Revista ZUM e possui obras no acervo do Museu de Arte do Rio.

Carmen Luz

Cineasta, coreógrafa, artista visual e pesquisadora atuante nas artes da cena. Sua trajetória como realizadora audiovisual é marcada pela concepção, direção e produção de filmes documentais, videoinstalações e cinebiografias de artistas. Seu cinema vem escrevendo e revelando, no contexto da dança brasileira, e para além, uma história singular do corpo negro artista. As culturas negras de resistência e as políticas da memória constituem as bases de sua pesquisa artística e teórica desdobradas na criação e realização de obras audiovisuais, cênicas e plásticas, textos e falas públicas. Além de artista e realizadora, Carmen atua, também profissionalmente, nos campos da curadoria, gestão, pesquisa, dramaturgia, ensino e reflexão experimental oral e escrita. Foi diretora artística, programadora e curadora do Centro Coreográfico da cidade do RJ e do MUHCAB (Centro Cultural José Bonifácio/Museu da História e Cultura Afro-Brasileira). Entre suas várias premiações e nomeações constam o Prêmio Golfinho de Ouro, Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras/Minc, Prêmio Brasil Musical, Prêmio Leda Maria Martins, Mostra Competitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio. É docente nos cursos de graduação e mestrado profissional da Faculdade Angel Vianna. Desde 2024 é membro do Conselho Consultivo da Fundação Casa de Rui Barbosa. Colabora com artistas e produtores de diversas gerações e instituições na criação de projetos de arte, cultura, educação e ativismo comunitário.

Clementino Junior

Cineasta, doutor em educação, educador audiovisual e ambiental, professor da PUC-RIO, pesquisador do GEASur/UNIRIO, artista visual, curador, parecerista e fundador do CAN – Cineclube Atlântico Negro.

Diogo Cavour

Curador, produtor, cineasta e pesquisador. É formado em Cinema e mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, pela PUC-Rio. Como curador realizou festivais e mostras de cinema como Sonho é subversão – 100 anos de surrealismo no cinema (Caixa Cultural RJ, 2024); Ecos de 1922 – Modernismo no cinema brasileiro (CCBB RJ, SP e DF, 2022); e Buster Keaton – O mundo é um circo (CCBB RJ, SP e DF, 2018).

Emílio Domingos

Documentarista, antropólogo e roteirista. Membro da Academy of Motion Picture, Arts and Sciences (Oscar). Em 2025 lançará “Baila, Vini”, que co-dirigiu com Andrucha Waddington para a Netflix; “Anos 90 – A Explosão do Pagode” para a TV Globo”, “Afro-Sambas – O Brasil de Baden e Vinicius” para a HBO Max e “Dores do Mundo – Hyldon” com Felipe Rodrigues para o Canal Curta. Recentemente lançou os longas “Black Rio! Black Power!” e “Chic Show”. Dirigiu também “Favela é Moda”, vencedor do prêmio Melhor Longa-metragem Documentário de Voto Popular no Festival do Rio (2019), “Deixa na Régua”, vencedor do Prêmio Especial do Júri do Festival do Rio (2016), “A Batalha do Passinho”, vencedor da Mostra Novos Rumos do Festival do Rio (2012) e “L.A.P.A.”, Melhor Filme no Festival Câmera Mundo, na Holanda (2008). Graduou-se em Ciências Sociais pela UFRJ com ênfase em Antropologia Visual, Cultura Urbana e Juventude. Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades da UFF. Atualmente, é professor da disciplina “Direção Cinematográfica – Documentário” no Curso de Estudos de Mídia na PUC- Rio e da Pós-graduação em Documentário da FGV da disciplina “Pesquisa e Roteiro em Documentário”. Foi curador da Mostra Internacional do Filme Etnográfico e do Festival Visões Periféricas.

Gleyser Ferreira

Curadora independente, produtora cultural, realizadora audiovisual e cineclubista, fundadora do Cine Taquara – cineclube preto de rua da Zona Oeste carioca. Jovem mãe preta, iniciou sua trajetória em 2017, articulando cinema, poesia marginal e arte urbana em escolas, praças, universidades, unidades do DEGASE e centros culturais, com foco especial em territórios periféricos. Desde então, já programou mais de 100 obras do Cinema Negro, dirigiu filmes coletivos e tem conquistado seu espaço em equipes de curadoria de mostras e festivais nacionais e internacionais. Sua atuação inclui a co-direção de “Encruza” (2019), vencedor de Melhor Filme pelo Júri Popular na Mostra Afronte II, e de “Utopias Possíveis” (2019), além da curadoria de sessões do Cine Vélocité (Munique/Alemanha), Mostra Mababu, Festival Semana Semana e do Centro Afro Carioca de Cinema, onde também atua como apresentadora e articuladora de formação de plateia. Desde 2022, Gleyser atua como assistente curatorial da maior janela de exibição de filmes do cinema negro na América Latina: o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul. Como diretora, atuou em obras como “As Alquimistas” (2022), “Quem Vigia” (2023), participou da produção do documentário “Kátia Tapety – O Legado da Democracia” (2022), “Turismo Transforma” (2025) e das ficções “Entre A Colônia e As Estrelas” (2021), “Ela/Dela” (2023) e “Consciências” (2023). Recentemente, integrou o núcleo de dramaturgia da TV Globo como assistente de direção de novelas como “Terra e Paixão” e “Renascer” e em longas-metragens como o “90 Decibéis”.

Heraldo HB

Cineasta, animador cultural, educador popular e cineclubista. Atua com educação audiovisual popular na Baixada Fluminense através do Cineclube Mate Com Angu. Integra o Gomeia Galpão Criativo e é coordenador do eixo Cinema da Escola Livre de Artes da Baixada Fluminense. Produz o site telaBXD e desde 2014 é um dos produtores e curadores do Festival Mate Com Angu de Cinema. Dirigiu alguns curtas e está em fase de lançamento de Amuleto, seu primeiro longa-metragem.

Hernani Heffner

Editor, roteirista e consultor. Começou a carreira nos Estúdios Cinédia em 1986, ingressando na Cinemateca do MAM em 1996 como Curador de Documentação e Pesquisa, assumindo em 1999 o cargo de Conservador-Chefe e em 2020 o de Gerente. Desde 1998 atuou em mais de 20 curtas e na mini série “Anjo Loiro com Sangue no Cabelo” (Canal Brasil, 2021). Entre 2000 e 2015 lecionou em diversas universidades e cursos livres de cinema. Co-roteirizou a série “MiniDocs” (Canal Woohoo, 2014-5). Idealizou a série “/lost+found”, com 13 episódios, sobre preservação audiovisual (Canal Curta!, 2022). Montou o curta “Arruma um pessoal pra gente botar uma macumba num disco” (Chico Serra, 2023) e o média “Niterói de memórias” (Maria Rita Nepomuceno, 2023). Foi curador dos festivais CineMúsica e da temática Preservação da Mostra de Cinema de Ouro Preto, além de diversas mostras para Caixa Cultural e CCBB. Assinou cinco exposições para o MAM Rio, entre elas Galáxias do Cinema (2018), visitada por mais de 50 mil pessoas.

Janaina Damaceno Gomes

Professora do curso de Cinema da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Ferbf/ Uerj), onde coordena o Grupo de Estudos Afrovisualidades: estéticas e políticas da Imagem Negra. Nestes últimos anos fez parte da curadoria da exposição “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito” no IMS Paulista, IMS Poços de Caldas, CCBB RJ, CCBB Brasília, CCBB Belo Horizonte e MAM Bahia, “Lita Cerqueira: o povo negro é o meu povo” na Caixa Cultural de Salvador e Gordon Parks: a América sou eu no IMS Paulista.

Josy Antunes

Montadora e participa da realização do Cineclube Donana desde sua fundação, em 2009. Ele é realizado no Centro Cultural Donana, em Belford Roxo, única cidade com mais de 500 mil habitantes no Brasil sem salas de cinema. Entre 2019 e 2024 participou da realização da Sessão Damana, cineclube focado na exibição de filmes dirigidos por mulheres. Dirigiu os documentários “@predioposto13 – Meu Nome É União” e “Bel Letras”. Ambos tiveram sessão de estreia na Sessão Damana.

Kênia Freitas

Professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) no curso de Cinema e Audiovisual. Fez estágios de pós-doutorado (CAPES/PNPD) no programa de pós-graduação em Comunicação na UCB (2015-2018) e no programa de pós-graduação em Comunicação da Unesp (2018-2020). Doutora pela Escola da Comunicação da UFRJ (2015). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Multimeios da Unicamp (2010). Graduação em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pelo Departamento de Comunicação Social da Ufes (2007). Assinou a direção artística do X CachoeiraDoc – Festival de Documentários de Cachoeira. Foi curadora e programadora do Cinema do Dragão (2022-23) e realizou a curadoria de diversas mostras de cinema, como: “Cines Afro-Femininos: Reimaginando Mundos” (Cinemateca de Bogotá/Colômbia) e “Mostra Afrofuturismo” (CCSP). Possui pesquisa sobre Afrofuturismo, Cinema Negro e Crítica de Cinema. Integra o Forúm Itinerante de Cinema Negro.

Laura Batitucci

Técnica de laboratório cinematográfico fotoquímico e digital, produtora e pesquisadora na área do audiovisual. Graduada em Cinema pela Universidade Federal Fluminense, onde colaborou com o Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual (LUPA-UFF) na curadoria e produção da “Exposição de equipamentos cinematográficos históricos no Festival de Cinema do BRICS”, e na recepção e catalogação do espólio fílmico de Esdras Baptista. Hoje vive em Lisboa e trabalha na equipe do laboratório de restauro de filmes no Arquivo Nacional da Imagem em Movimento (ANIM) da Cinemateca Portuguesa. Faz parte do Laboratório da Torre, laboratório de práticas artísticas e visuais, no Porto, onde realizou residência em 2022 no âmbito do projeto SPECTRAL, co-financiado pela União Europeia. Também é diretora executiva da Cinelimite, uma organização brasileira sem fins lucrativos dedicada à exibição, distribuição e digitalização do cinema brasileiro, com foco especial em filmes órfãos, caseiros, de pequeno formato e não comerciais.

Lila Foster

Curadora, preservacionista audiovisual e realizadora. No campo da preservação, trabalhou na Cinemateca Brasileira em diversos setores e participou do programa de estágios em preservação e curadoria audiovisual da Haghefilm Foundation (Amsterdam). Atua na área há 20 anos ministrando cursos em instituições como o Instituto Moreira Salles (curso “Memórias Pretas em Movimento”) e a Escola Pública de Audiovisual Vila das Artes, Fortaleza, além de atuar como consultora em projetos de preservação audiovisual. Trabalhou como programadora e/ou curadora nos festivais Curta 8 – Festival Internacional de Cinema Super 8 de Curitiba, (S8) Mostra de Cinema Periférico (A Coruña, Espanha), Mostra de Cinema de Ouro Preto, FICA – Festival Internacional de Cinema Ambiental, Brasil Cine Mundi, FIDBA – Festival Internacional de Cinema Documentário de Buenos Aires, Cinema Urbana, Mostra de Cinema de Tiradentes, entre outros. Em 2024, estreou o seu primeiro curta-metragem – Três – no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo. É atual presidente da ABPA – Associação Brasileira de Preservação Audiovisual.

Equipe de Curadoria do Seminário

Leandro Luz

Bacharel em Produção Cultural pelo IFRJ e pesquisador audiovisual. Diretor e produtor do filme “Infinito Periódico” (curta-metragem, 2016), que recebeu o prêmio do Edital Elipse, com aquisição do Canal Brasil. Produtor dos filmes “Cenotáfio” (média-metragem, 2016) e “Tempo de Projeção” (longa-metragem, 2017). Roteirista e produtor do “Itaperuna Esporte Clube – A Águia do Noroeste” (longa-metragem, 2025), documentário vencedor na categoria Melhor Filme da Mostra Competitiva Internacional de Longas-metragens do 15º CINEFOOT. Atua como Analista de Audiovisual na Gerência de Cultura do Sesc RJ, coordenando a curadoria de projetos e ações culturais da instituição, programando filmes nos espaços de exibição das Unidades e realizando o acompanhamento técnico do desenvolvimento de programações audiovisuais no estado do Rio de Janeiro. Também exerce atividades de crítica cinematográfica no site Scream & Yell e nos podcasts Tudo É Brasil, Plano-Sequência e 1 disco, 1 filme.

Marcelle Pontes

Analista de Cultura do Sesc RJ. Formada em Produção Cultural, pós-graduada em Gestão e Políticas Culturais. Atua há 20 anos no setor cultural.

Milena Manfredini

Cineasta, antropóloga, artista visual e professora. É formada em Antropologia pela PUC-Rio e mestre pelo Programa de Cultura e Territorialidades da UFF. Dirigiu e roteirizou os filmes Eu preciso destas palavras escrita, Guardião dos Caminhos, De um lado do Atlântico (comissionado pelo IMS), Grandes Senhoras (residência artística Goethe-Institut), Stella do Patrocínio e a gênese da poesia, entre outros. É roteirista do longa Chic Show (Globoplay). Atua como curadora em mostras e festivais de cinema e desenvolve obras comissionadas a convite de instituições de arte como o MAR, o IMS, MAM Rio e outras. Desde 2017, dedica-se também à docência e à formação de jovens cineastas negros e periféricos. Sua produção e pesquisa articulam cinema, antropologia e artes visuais, tendo a memória negra como ponto de partida e força propulsora.

Tetê Mattos

Niteroiense, é doutora em Comunicação (UERJ/2018) e professora do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense, desde 1998. Documentarista, dirigiu os curtas-metragens premiados “Era Araribóia um Astronauta?” (RJ, 27min, 16mm, 1998), “A Maldita” (RJ, 20min, 35mm, 2007), “Fantasias de Papel” (RJ, 15min, DCP, 2015) e o longa-metragem “A Maldita” (RJ, 80min, DCP, 2019), exibido no Canal Brasil. Entre 2002 e 2013, dirigiu o Araribóia Cine – Festival de Niterói. Exerce atividades de curadoria, consultoria e júri em mostras e festivais audiovisuais. Publica artigos em revistas e livros especializados em cinema com foco em festivais de cinema e cinema documentário. Foi coordenadora técnica de pesquisas de mapeamento de festivais audiovisuais brasileiros (2006 a 2009) e festivais do Rio de Janeiro (2013). Atualmente, integra o grupo de pesquisa “Festivais de cinema e audiovisual – histórias, políticas e práticas” / CNPq.

Sobre o seminário

O II Seminário de Curadoria em Cinema e Audiovisual do Sesc RJ dá continuidade a um espaço de encontro, reflexão e troca de experiências em torno das práticas curatoriais no campo do cinema e do audiovisual. Após a primeira edição, que inaugurou o debate em torno de diferentes dimensões e responsabilidades da curadoria, esta nova edição se propõe a expandir os diálogos, colocando em evidência questões urgentes relacionadas à história, à preservação, aos cineclubes, aos festivais, às mostras e às interseções com outros territórios artísticos.
Se a primeira edição foi marcada pela necessidade de nomear e situar o exercício curatorial, esta segunda busca aprofundar a compreensão de como tais práticas reverberam em diferentes contextos e atravessam a experiência social, política e estética das imagens. O Seminário se consolida, assim, como um espaço singular, não atrelado a um festival ou mostra específica, mas dedicado exclusivamente a pensar e discutir o campo curatorial como prática política, criativa e ética.

O cinema brasileiro vive hoje transformações intensas: a chegada de novas tecnologias, a aceleração dos fluxos digitais, a ameaça constante da desinformação, o apagamento sistemático de memórias e a necessidade urgente de reformulação das políticas públicas, sobretudo no que diz respeito à democratização do acesso ao fomento audiovisual. Nesse contexto, cineastas negras, indígenas, LGBTQIA+ e periféricas ainda enfrentam grandes obstáculos para viabilizar suas obras. Diante dessa desigualdade estrutural, a curadoria se afirma como gesto político de resistência, capaz de ressignificar o passado, organizar o presente e projetar futuros. Mais do que selecionar filmes, trata-se de um compromisso ativo com a diversidade, ampliando o espaço para vozes historicamente silenciadas e contribuindo para a construção de ecossistemas audiovisuais mais justos e plurais.

Esta edição reúne quatro mesas com pesquisadoras, pesquisadores, curadoras e curadores de diferentes trajetórias e territórios, que compartilham suas experiências e reflexões a partir de lugares diversos: da preservação de acervos e da memória das imagens às práticas curatoriais realizadas em cineclubes nas periferias do Brasil; das mostras e festivais contemporâneos às intersecções inventivas entre cinema, artes visuais e outras linguagens em museus, exposições e espaços alternativos.

O II Seminário de Curadoria em Cinema e Audiovisual reafirma, assim, a importância de refletirmos sobre quem olha, quem seleciona e quem organiza as imagens. Compreender a curadoria apenas como uma função técnica seria insuficiente: ela é também uma prática que agencia visibilidades e invisibilidades, que implica escolhas éticas, narrativas e políticas, sempre carregadas de responsabilidade. Ao propor um espaço de diálogo, de encontro e de partilha coletiva, este encontro se inscreve como parte de uma luta maior: ampliar os horizontes do fazer curatorial e contribuir para que ele seja, cada vez mais, inclusivo, plural, crítico e transformador.

EQUIPE DE CURADORIA