trabalhador assume o protagonismo no cinema
Crédito: Multimedia video concept on TV set in dark room. Man watching TV with remote control in hand.

O trabalhador assume o protagonismo no cinema

Leandro Luz, analista de Cultura do Sesc RJ, fala sobre obras onde o trabalhador assume o protagonismo no cinema. Todos estão disponíveis nos serviços de streaming e podem ser vistos com segurança no conforto de casa. Aproveitem as dicas e tenham uma ótima sessão!

Em virtude do feriado em que se comemora o Dia do Comerciário (19/10), aproveitamos este espaço para indicar cinco filmes que nos ajudam a refletir sobre como as relações de trabalho foram retratadas no cinema ao longo de sua história.

Em 2020, toda uma nova concepção de trabalho se estabeleceu amplamente no mundo inteiro: devido à pandemia, muitos trabalhadores tiveram que se adaptar ao mundo virtual, mesmo aqueles que por ventura se mantiveram afastados até então das redes sociais e das interações online de forma geral. De todo modo, sob um regime de teletrabalho ou não, a maneira como a sociedade se organiza mantém o trabalho no centro de quase todas as discussões da humanidade.

Conflitos, dificuldades, lutas, conquistas, afetos e encantamentos permeiam o universo do trabalho, e no cinema toda essa complexidade é traduzida em imagens e sons. Trabalhadores de diversas áreas já foram personagens de todos os tipos de filmes: comédia, ficção científica, drama, aventura, faroeste, terror… o trabalho está associado à vida cotidiana da nossa sociedade há séculos, não à toa o cinema frequentemente incorpora este aspecto da realidade em suas narrativas.

Ainda assim, algumas obras deslocam o trabalho para o centro do debate, e as questões dos trabalhadores são iluminadas por diversos ângulos, o que permite reflexões bastante ricas sobre o mundo ou, de forma mais íntima, sobre os sujeitos que o habitam. Abaixo listamos cinco bons exemplos de como o trabalhador assume o protagonismo no cinema. Todos estão disponíveis nos serviços de streaming e podem ser vistos com segurança no conforto de casa. Aproveitem as dicas e tenham uma ótima sessão!

Metrópolis (1927)
Metrópolis é o nome de uma cidade futurista que se encontra dividida justamente em função das relações de trabalho: a classe operária e os planejadores da cidade. O diretor Fritz Lang realizou aqui um dos filmes mais ambiciosos da história do cinema, tanto no que diz respeito aos esforços de produção que precisaram ser gerados para as gravações quanto pela inovação de trazer uma narrativa de ficção científica para a linguagem cinematográfica. “Metrópolis” é também uma obra sobre o amor impossível: o filho do mestre da cidade se apaixona por uma líder da classe trabalhadora. A simplicidade da trama do romance se relaciona intensamente com a complexidade dos conflitos de classe e de trabalho, que se intensificam a cada instante. Disponível no Petra Belas Artes – À La Carte.

Os palhaços (1970)
O mestre italiano Federico Fellini dirige “Os palhaços”, um de seus filmes mais pessoais, sobre um menino que foge de casa para ver o circo. Esta pequena introdução é apenas um pretexto, a partir de um impulso simples, subjetivo e universal ao mesmo tempo, para que o espectador seja conduzido pelo universo lúdico dos palhaços, protagonistas das artes circenses (pelo menos sob a ótica afetuosa de Fellini). O filme é também um documentário que se traduz na busca do diretor por palhaços europeus que um dia foram grandes estrelas do picadeiro, mas que hoje encontram-se esquecidos. De certa forma, o filme é uma busca pelo próprio ofício do artista – este também, não nos esqueçamos, um trabalhador. Disponível gratuitamente na plataforma Sesc Digital, do Sesc SP.

ABC da greve (1990)
No Brasil, foram feitos diversos filmes sobre o trabalho, sobretudo sob a ótica do trabalhador explorado, no sertão ou nas cidades. “ABC da greve”, documentário do Leon Hirszman, um dos diretores mais importantes do cinema brasileiro, é sobre resistência, luta e esperança. O filme se propõe a fazer um registro do movimento grevista dos metalúrgicos da região do ABC, na Grande São Paulo. As imagens são do final dos anos 1970, portanto ainda feitas sob o regime ditatorial em que o país se encontrava, e demonstram a força da união da classe trabalhadora, assim como bem ilustrado na ficção de Metrópolis, do Fritz Lang, como comentamos acima. Disponível gratuitamente no Spcine Play por intermédio da plataforma Looke.

Eu, Daniel Blake (2016)
O Daniel Blake do título é um homem de 59 anos que sofreu um ataque cardíaco e fica impossibilitado de continuar seu ofício como carpinteiro de uma empresa na Inglaterra. O filme se debruça, portanto, na dificuldade do personagem em encontrar uma saída para a sua situação: por um lado, o patrão se esquiva de qualquer responsabilidade legal; por outro, o governo impõe um mundo de burocracia que impede Blake de receber qualquer auxílio necessário à sua sobrevivência. O diretor Ken Loach é conhecido por sua abordagem realista no retrato de conflitos sociais urgentes e este é um de seus filmes mais celebrados, tendo vencido, entre outros prêmios, a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 2016. Disponível no Netflix.

Para quando o carnaval chegar (2019)
Documentário peculiar sobre a pequena cidade de Toritama, localizada no agreste pernambucano, autoproclamada a capital do jeans. Sim, jeans, o tipo de tecido que usualmente se fabrica calças e outras peças de roupa. O curioso na abordagem de Marcelo Gomes, diretor do filme, é o seu interesse justamente pelos trabalhadores e por essa relação de independência que se estabelece com a informalidade do trabalho – questão bastante complexa que o diretor não se furta em discutir. Ao falar sobre o filme dessa maneira, corre-se um risco de parecer banal, mas a verdade é que “Para quando o carnaval chegar” apresenta um universo tão fascinante que somos impulsionados a conhece-lo cada vez mais. Disponível no Netflix.

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