Dia Mundial do Livro - Millôr e Leminski

Oralidade e pertencimento à natureza: Clube Sesc do Livro – Abril Indígena

O projeto Clube Sesc do Livro promove reflexões a partir da leitura da história tradicional oral do povo Balatiponé, registrada em livro virtual por artista indígena.

Por Angelica Eichner e Vicente Costa.

Uma pessoa é uma biblioteca e tudo é literatura. Para os Balatiponé, ou Umutina, povo indígena que vive no estado de Mato Grosso, toda pessoa mais velha é uma biblioteca viva, responsável por preservar sua raíz ancestral e compartilhar com os mais novos os ensinamentos de seu povo. Para Ariabo Kezo, integrante dos Balatiponé, tudo é literatura, seja através de histórias passadas de geração a geração, seja através de pinturas ou culinária, tudo conta uma história. E para eles, manter viva sua história é uma missão. Os Balatiponé quase foram extintos, chegando a menos de 23 representantes vivos na década de 1940. O contato com não-indígenas lhes rendeu a devastação, tanto por conflitos quanto por epidemias.

Desde os anos 2000 um grupo de jovens, liderados pelo líder do povo, Valdomiro Kalomizoré, junta esforços para reacender a cultura de seu povo, que permanecia adormecida por tantas décadas. Danças, costumes e culinária são resgatados e a língua, tida pela Unesco como extinta, é revalorizada, sendo inclusive o foco de um dos livros de Ariabo Kezo, em que ensina umutina-balatiponé.

No Clube Sesc RJ do Livro de abril, o grupo formado por leitores, leitoras, e a equipe da Rede Sesc RJ de Bibliotecas participou do bate-papo online sobre a obra Boloriê: a origem dos alimentos, de Luciano Ariabo Kezo, publicado em 2015 pela UFSCar. 

O livro é uma das iniciativas do líder indígena e escritor para resgatar as memórias de seu povo. Assim como em outros povos, o Balatiponé mantém uma profunda ligação com a natureza, vendo nela a representação de tudo que é e existe na terra, no céu e no mar.

Ao longo das páginas traçadas pelos desenhos de Ariabo Kezo e aquareladas por Eld Johonny, e o conhecimento ancestral de seu povo, é possível refletir sobre o lugar do ser humano nesta biosfera como parte da natureza e não como algo que está à parte, fora. O conteúdo oral registrado em texto nos apresenta o percurso de vidas que se entrelaçam e que coexistem. A vida das pessoas e a vida do meio ambiente, dos rios, do céu, e de tudo que em uníssono forma a natureza. 

A perspectiva dos povos originários – significado da palavra indígena – nos direciona ao pensamento de que a natureza, tal qual se fala enquanto a cultura, é a representação do que somos enquanto seres, e logo todas as existências presentes neste lugar, nesta Terra, formam o ciclo da vida. No livro, a origem dos alimentos surge exatamente num acontecimento que faz com que uma vida se fracione e reverbere em outras possibilidades e outros níveis de vínculo com o que produz esta terra. O prisma que a sabedoria indígena nos sugere como tecnologia ancestral nos aproxima mais desse agente sustentável, mesmo que não-indígenas mas parte integrante de um todo. A oralidade, os grafismos e toda dimensão artística indigena nos salva de não sermos alheios à nossa essência natural.

Clube Sesc RJ do Livro
Toda segunda terça-feira do mês, às 17 horas, têm! O Clube Sesc RJ do Livro! São encontros virtuais através da plataforma Microsoft Teams, onde se propõe trocas de experiências e ideias sobre livros, textos, escritas e narrativas em geral. As obras literárias escolhidas pelo Clube sempre são materiais disponibilizados de forma gratuita na internet, seja pelo Domínio Público, por autores e editoras ou projetos, entre outros. Para participar, basta acessar o link a aqui e fazer sua inscrição. Realizada a inscrição, cada pessoa receberá via e-mail, o acesso à sala virtual do encontro. O bate papo é produzido para descontração e reflexão coletiva sobre assuntos contidos nos textos e seus desdobramentos. 

Próxima leitura
No dia 10 de maio, o Clube retorna para mais uma edição. Na data, abordaremos temas a partir da leitura do livro 50 poemas para esquecer o ontem de Paulo Emílio Azevedo. Também conhecido como Poeta PAz, o artista se expressa por diversas linguagens artísticas, que vão desde a poesia, cinema e dança. É um dos pioneiros do movimento Slam Poetry no Rio de Janeiro. No livro, o autor faz um percurso poético levando em consideração suas observações e sensações perante um dos momentos mais delicados desta geração, a pandemia de Covid-19 e o isolamento social.

O livro está disponível para leitura online e download clicando aqui!  

Caso não consiga ler o livro todo, não tem problema! O nosso encontro é também para quem deseja descobrir mais informações sobre os livros antes ou durante as suas leituras.

Se interessou? Inscreva-se aqui!

Como mencionado acima, nosso evento acontece na plataforma Microsoft Teams. Não é necessário instalação em computadores, mas no celular é necessário baixar o aplicativo. Mais informações pelo e-mail bibliotecas@sescrio.org.br

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