
Viva o quadrinho nacional!
O Dia do Quadrinho Nacional comemora-se no dia 30 de janeiro, remetendo à primeira história em quadrinhos no Brasil e uma das pioneiras no mundo, chamada “As aventura de ‘Nhô Quim'” ou “Impressões de uma viagem à corte”, pelo cartunista Ângelo Agostini, publicada neste mesmo dia em 1869 no periódico A Vida Fluminense.
A Vida Fluminense era uma das tantas revistas periódicas que preenchiam o espaço jornalístico da Corte no Segundo Império, caricaturando os acontecimentos.

Ângelo Agostini era um italiano, radicado no Brasil desde a juventude, nascido no Piemonte, Itália, em 1843. O jornalista obteve destaque com seus desenhos, ilustrações, pinturas e caricaturas do regime escravagista e do Imperador. foi proprietário da “Revista Illustrada”, marco na imprensa nacional. Foi nela que lançou, em 27 de janeiro de 1883, o primeiro capítulo de “As Aventuras de Zé Caipora”, personagem de sucesso na época do Segundo Reinado no país. Agostini teve trabalhos publicados em importantes veículos, como as revistas Don Quixote e O Malho, além de ter colaborado na famosa publicação infantil O Tico-Tico. Faleceu em 1910, no Rio de Janeiro.
Na série de 14 episódios, as tirinhas contavam a história de um homem que se mudava da área rural de Minas Gerais para a cidade grande, Rio de Janeiro, expondo críticas sociais com uma pegada de humor.
As tirinhas originais estão sob os cuidados da biblioteca da Fundação da Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, e foram digitalizadas e disponibilizadas no site do Senado Federal.

As publicações de quadrinhos continuam sendo aliadas na alfabetização, no despertar pelo gosto da leitura, na expansão da imaginação de muitos por aí. É comum falar neste estilo literário e a primeira imagem que vem à mente é dos gibis da Turma da Mônica ou dos super heróis da Marvel. Mas muitas mudanças aconteceram no mundo das histórias em quadrinhos desde então, indo muito além disso!
Essa diversidade do universo HQ está presente no acervo de nossas Bibliotecas espalhadas pelo Rio de Janeiro! Basta procurar a unidade mais perto de você e consultar seu horário de funcionamento.
A Rede de Bibliotecas RJ possui as gibitecas “João Carpalhau”, além das 14 bibliotecas fixas e 4 móveis possuírem um rico acervo de HQ, graphic novel e mangá.
As Gibitecas João Carpalhau surgiram após o projeto Palavra Líquida em 2018 abordar o tema quadrinhos. Os espaços foram inaugurados nas unidades do Sesc Tijuca e Duque de Caxias, em 2019, homenageando o fundador do coletivo Capa Comics.


Então, separamos algumas obras que estão disponíveis para empréstimo em nossos acervos. Confira!
Lembrando que todo acervo da Rede de Bibliotecas SESC RJ pode ser consultado através do link: https://sesc.i10bibliotecas.com.br/.
Todo Bob Cuspe, de Angeli, publicado em 2015, pelo selo da Companhia das Letras – Quadrinhos na Cia. Uma das criações máximas de Angeli, Bob Cuspe foi a grande resposta do cartunista aos excessos dos anos 1980, à hipocrisia reinante da elite cultural e financeira, à vida espalhafatosa e deslumbrada dos yuppies que vicejaram no Brasil após o fim da ditadura. Seu brinco era um grampo, suas roupas não passavam de trapos, a porta de sua casa era um bueiro e suas bandas eram os Ramones, os Ratos de Porão, os Sex Pistols e o The Clash.
Disponível na Biblioteca SESC Duque de Caxias.
A série de quadrinhos Confinada, escrita por Leandro Assis (@leandro_assis_ilustra), ilustrada por Triscila Oliveira (@soulanja), fez um grande sucesso no Instagram em 2020, sendo publicada pela editora Todavia posteriormente, contando com mais quatro histórias inéditas. A HQ escancara as engrenagens racistas e classistas da nossa sociedade, tendo como foco a pandemia, onde a história é da influenciadora digital Fran – a patroa da elite carioca – e da trabalhadora doméstica Ju que estão confinadas juntas na pandemia, marcada por conflitos de classe e de raça. A pandemia não atingiu a todos da mesma maneira, pois nem todos podem ficar em casa, nem todos têm o mesmo acesso aos cuidados médicos. É uma crítica social potente acerca do conservadorismo cada vez mais forte entranhado na sociedade brasileira.
Disponível na Biblioteca Sesc Niterói.
Publicada pelo projeto “Narrativas Periféricas”, realizado pela Editora Mino, a HQ Para todos os tipos de vermes, criada por Kione Ayo (@kione_ayo), conta a história de um grupo de jovens amigos que perderam uma amiga de forma traumática e descobriram o cruel funcionamento da sociedade com divisão de classes do verme em que vivem, bolando um plano para melhorar de vida e trapacear o sistema. Através da ficção, a quadrinista retrata as camadas sociais e as desigualdades que as atravessam.
Disponível na Biblioteca SESC Niterói.
Laerte publicou em 2002 o Histórias repentinas. São oito histórias em quadrinhos antológicas que estão reunidas pela primeira vez nesse volume. “E se de repente… você percebesse que ao longo dos seus braços estão nascendo penas. Longas penas de pássaros? E se de repente… você se descobrisse andando pela rua de paletó e gravata, mas sem calça e ninguém notasse ou desse a menor importância a esse fato? E se de repente… quando você está fazendo 17 anos, seu pai lhe contasse que ele na realidade não é seu pai. E que sua mãe, não é de fato sua mãe. E que a sua irmã é uma irmã de aluguel?”
Disponível na Biblioteca Sesc Nogueira.
Perpetuum mobile, de Diogo Sanchez. Perpetuum mobile é a expressão latina para “movimento contínuo”. Martín é um personagem em busca de uma maneira melhor de contar sua história, em busca de um emprego melhor, em busca de uma vida melhor. Mas o que acontece com nossos sonhos e objetivos no fim do mundo? O movimento contínuo é de Martín, nunca aceitando parar naquilo que o desgasta, naquilo que o desagrada.
Disponível na Biblioteca SESC Três Rios.
Unhas, de Ieda Marcondes e Olavo Costa. Inspirado no cinema de terror japonês, a história se passa no bairro da Liberdade, em São Paulo. Sua personagem principal é descendente de uma das diversas famílias de imigrantes asiáticos que se estabeleceram ali. Às vésperas do casamento, o noivo viaja e a deixa sozinha em casa. Ela passa a ouvir barulhos estranhos durante a noite e logo percebe que marcas, parecidas com arranhões, surgiram no seu ombro. Sem saber como apareceram, ela se mantém reservada, pensativa.
Disponível na Biblioteca SESC Três Rios.
Deus essa gostosa, de Rafael Campos Rocha. No livro o leitor acompanhará sete dias na vida dessa Criadora incomum, fã de futebol e cerveja, amiga de Karl Marx e do Diabo em pessoa. O humor fino que percorre este gênesis invertido ganha contornos épicos no traço enganosamente simples do autor. Para Deus, uma semana de acontecimentos discretos e corriqueiros pode desembocar na criação de um Universo (ou mais).
Disponível nas Bibliotecas SESC Três Rios e SESC Duque de Caxias.
Angola Janga: uma história de Palmares, de Marcelo D’Salete. Obra vencedora dos Prêmio Jabuti, “Melhor história em quadrinhos”, Prêmio Grampo de Ouro, “Melhor história em quadrinho do ano”, Prêmio HQ Mix, “Melhor edição especial”, “Melhor Desenhista Nacional”, “Melhor Roteirista Nacional” e “Destaque Internacional”.
O título que dá nome a esta graphic novel, vem da língua banto quimbundo e significa “pequena Angola”. Com ilustrações bastante realísticas, a trama é um olhar apurado sobre escravidão, luta, opressão e resistência do povo Quilombola contra as barbaridades sofridas no período colonial com os senhores de engenho A HQ foi traduzida para o inglês, francês, italiano, turco, alemão e espanhol.
Disponível nas Bibliotecas SESC Barra Mansa, SESC Tijuca e SESC Três Rios.
Em Almas públicas, de 2018, Marcello Quintanilha, autor premiado com o HQMix de melhor desenhista nacional por Sábado dos Meus Amores, revela aos leitores mais crônicas visuais do Brasil e, em especial, do Rio de Janeiro. Em narrativas que mesclam o trágico e o cômico, acompanhamos pequenos momentos da vida de uma costureira, de um jogador de futebol, de um folião, de um sambista, de um motorista de lotação, entre outros. Juntos, esses personagens e suas histórias compõem um retrato em que o Rio de Janeiro atual se mescla ao Rio de Janeiro nostálgico de meados do século XX.
Disponível nas Bibliotecas SESC Nova Friburgo e SESC Teresópolis.
Os Sertões: a luta, com a história adaptada por Carlos Ferreira e ilustrações de Rodrigo Rosa. A obra retrata a jornada de Euclides, ex-engenheiro militar que tecia relação de amor e ódio com o exército brasileiro, quando foi convidado como correspondente do jornal O Estado de São Paulo para cobrir a Guerra de Canudos, nos sertões baianos, em um momento em que a mídia paulista, carioca e local noticiavam, de maneira totalmente parcial, os conflitos. Tal imprensa retratava os canudenses, habitantes da fazenda Belo Monte, como desordeiros, perigosos, e Antônio Conselheiro como um líder religioso que oferecia riscos à Igreja Católica. Quadrinhos na Cia., selo da Companhia das Letras.
Disponível na Biblioteca de São João de Meriti.
O Golpe de 64, publicado pela editora Três Estrelas, com roteiro do jornalista Oscar Pilagallo e arte de Rafael Campos Rocha, aborda os dramas dos principais personagens e as reivindicações sociais que afloraram à época e foram brutalmente silenciadas pela ditadura.
Disponível na Biblioteca SESC São João de Meriti.
Tungstênio, é uma graphic novel concebida por Marcello Quintanilha, um dos maiores expoentes da cena do HQ nacional. Publicada em 2014 pela Editora Veneta, desenvolve uma narrativa de crítica social ao abordar fatos específicos do cotidiano de personagens em um dia atípico na cidade de Salvador – Bahia. Foi considerada uma das 10 HQ’s que marcaram a década, e rendeu ao autor o prêmio HQ Mix 2015 como melhor roteirista nacional. Internacionalmente conquistou o prêmio de melhor história policial no Festival Angoulême, na França em 2016. Em 2017, o quadrinho ganha versão cinematográfica homônima. Um filme dirigido por Heitor Dhalia, e com atores como José Dumont, Fabrício Bolivera, Milhem Cortaz e Samira Carvalho. O longa está disponível para assistir no youtube
Disponível nas Bibliotecas SESC Tijuca e SESC Nova Friburgo.
Cumbe, de Marcelo D’ Salete é uma obra para ampliar possibilidades de leitura e visões do passado. Suas histórias sobre resistência negra e africana contra a escravidão lançam uma outra perspectiva e respeito deste grupo. A palavra Cumbe é sinônimo de Quilombo em alguns países americanos. Nas línguas Congo/ Angola tem também os sentidos de sol, dia, luz, fogo e força trançada ao poder dos reis a forma de elaborar e compreender a vida.
Disponível nas Bibliotecas SESC Teresópolis e SESC Tijuca.
A Saga de Canudos, de Walter Vetillo. A vida dos sertanejos, liderados pelo beato Antônio Conselheiro, em Canudos, e sua luta contra a exploração dos coronéis e o esquecimento da República com as populações mais humildes é o pano de fundo de uma das maiores revoltas da história do Brasil, relegada e esquecida por muitos anos.
Disponível na Biblioteca SESC Ramos.
Referência:
Cardoso, Athos Eichler (Org.). As aventuras de Nhô-Quim & Zé Caipora: os primeiros quadrinhos brasileiros 1869-1883. [E-book]. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial. (192 p.). ISBN 9788570184924. Disponível em: <http://www2.senado.leg.br/bdsf/handle/id/521244>. Acesso em: 28 jan. 2022.