Projeto Consciências – Lutando contra o racismo
Por Jacqueline Santos, Assistente de Arte, Ciência e Tecnologia, e Adriano Rocha, Analista de Educação
A humanidade tem atravessado grandes desafios nos últimos anos. Os cenários mundiais de manifestação de racismo, preconceitos e de desigualdades exacerbados, têm colocado em xeque atitudes como a solidariedade, generosidade, empatia, respeito e o senso de coletividade… Estas atitudes precisam ser reiteradas, fomentadas e praticadas exaustivamente, frente aos cenários que se apresentam…
Mas será que estão todos dispostos a reaprender para construirmos um mundo melhor? Um mundo livre de preconceitos e mazelas? O que a nossa consciência tem a ver com isso? A partir da tomada de consciência sobre a realidade podemos nos tornar pessoas melhores? E afinal, você já se perguntou: o que é consciência?
Breve reflexão sobre consciência
Sua origem está no vocábulo latim conscientia: conhecimento de algo partilhado com alguém. Na língua portuguesa, o termo “consciência” tem, pelo menos, dois sentidos: descoberta ou reconhecimento de algo, seja algo exterior, como um objeto, uma realidade, uma situação etc., ou de algo interior, como as modificações sofridas pelo próprio eu, conhecimento do bem e do mal.
O primeiro sentido de consciência pode se desdobrar em outros sentidos: o psicológico, o epistemológico e o metafísico. No sentido psicológico, a consciência é a percepção do eu por si mesmo, que é o conceito mais conhecido. No sentido epistemológico, a consciência é o sujeito do conhecimento, enquanto que no sentido metafísico, chamamos muitas vezes à consciência o Eu.
A consciência é, portanto, uma qualidade da mente que abrange qualificações tais como subjetividade, autoconsciência e a capacidade de perceber a relação entre si e o outro.
Também relacionada com o sentido de dever moral, na medida em que pode ser entendida como a noção das próprias ações e sentimentos internos no momento em que essas ações são executadas está a consciência. Eis diante de nós, o conceito de consciência moral.
A neurociência nos explica que o processo de ser consciente nos aproxima dos nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Traduzindo: é preciso que estejamos conscientes de como estamos reagindo em cada situação. Dessa maneira teremos duas escolhas: ou mudamos nosso comportamento ou continuaremos vivendo no automático. Nosso cérebro possui uma imensa capacidade plástica em se adaptar e moldar as situações para que elas estejam de acordo com aquilo que nós, seres humanos, queremos. Isso significa dizer que, o ser humano possui algo que talvez lhe seja único dentre os outros animais: consciência.
O ser humano, no entanto, se percebe como um ser no mundo que pode modificá-lo e que pensa na sua existência. Isso é o que a consciência nos garante: pensar a nossa existência. Para filósofos existencialistas, a nossa existência precede a nossa essência. Isso significa que é ao viver que nos criamos. Também é nesse movimento vital que criamos a nossa consciência, que é a capacidade de pensar na existência e se perceber como um ser no mundo e capaz de modificá-lo.
CONSCIÊNCIAS no Sesc RJ
“A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Paulo Freire
Para que um indivíduo que sofre opressão social, perceba-se enquanto um ser oprimido, ele precisa tomar consciência sobre a realidade que ele está submetido. Da mesma forma, o indivíduo opressor deve se conscientizar sobre sua prática e suas implicações… Isso se aplica também ao advento do racismo estrutural brasileiro que é internalizado pelas pessoas que o sofrem e pelas pessoas que o praticam. A tomada de consciência nos faz perceber que o racismo é uma grande mazela no Brasil, e que precisa ser combatida cotidianamente.
A educação, por sua vez, não pode ficar alijada desse processo. De acordo com Paulo Freire: “A educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo”. A superação do racismo ainda presente em nossa sociedade é um imperativo. É uma necessidade moral e uma tarefa coletiva, de brancos e negros, de primeira grandeza. E a educação é um dos terrenos decisivos para que sejamos vitoriosos nesse esforço.
O projeto Consciências do Sesc RJ visa fomentar o pensamento crítico e a mudança de comportamento dos participantes, para que assim, possamos contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária, combatendo o racismo e todas as suas interseções.
Com uma programação multilinguagem, distribuída por três unidades, entre os meses de abril e dezembro, iremos envolver professores, pesquisadores, artistas e o público em um grande debate acerca do racismo, buscando caminhos e estratégias para a superação, bem como, evidenciando a valiosa contribuição do povo negro para a formação da sociedade brasileira.
Fontes:
- PORFíRIO, Francisco. “Consciência negra”; Brasil Escola.
- Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/consciencia-negra.htm. Acesso em 06 de abril de 2022.
- CAMARGO, Orson. “Consciência”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/consciencia-moral-liberdade-humana.htm. Acesso em 06 de abril de 2022.
- “Consciência negra”; Centro de Referencias em Educação Integral.
- Disponível em: https://educacaointegral.org.br/glossario/consciencia-negra/ Acesso em 04 de abril de 2022.
- FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
- VAIANO, Bruno. O mistério do “eu”: o que é a consciência? Super Abril.
- Disponível em: https://super.abril.com.br/especiais/o-misterio-do-eu-o-que-e-a-consciencia/ Acesso em 31 de março de 2022.
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