
Com presença de Itamar Vieira Jr, lançamento do livro À La Geringonça inaugura selo Casa Sesc Editorial na Flip
Obra lançada nesta sexta, 1/8, relembra o movimento que foi catalisador de arte e cultura no Rio de Janeiro. Publicação tem prefácio de Conceição Evaristo e texto de orelha de Luiz Antonio Simas
O Sesc RJ e a Editora Senac Rio lançaram nesta sexta-feira (1/8), durante a Flip 2025, o livro À La Geringonça: redemoinho artístico, primeira obra publicada pelo recém-criado selo Casa Sesc Editorial. A ocasião também celebrou o lançamento da edição número 2 da revista Paquetá com a presença dos escritores Itamar Vieira Jr e Amara Moira, que contribuíram com a publicação. Também esteve presente no evento o presidente da Fecomércio RJ Antonio Florencio de Queiroz Junior.
A publicação do livro À La Geringonça resgata a memória de um dos mais potentes movimentos culturais das últimas décadas na cidade do Rio de Janeiro, o Geringonça, e marca a estreia do selo em um dos principais eventos literários do país.
Organizado por Fabio Maleronka, Maria José Gouvêa e Valterlei Borges, o livro é estruturado em duas partes principais: a primeira reúne textos inéditos produzidos em 2015, quando o projeto completava dez anos, entre ensaios, crônicas, entrevistas e poemas que retratam a efervescência cultural de uma juventude que ocupava, experimentava e reinventava seus territórios por meio da arte. A segunda parte revisita o almanaque original do Geringonça, lançado em 2006, hoje uma raridade editorial, e atualiza seus registros como um documento histórico. A publicação traz ainda um encarte com uma seleção da identidade visual marcante do projeto, com cartazes, filipetas e artes desenvolvidas por designers do Sesc e pelo coletivo Norte Comum.
A juventude era o núcleo do Geringonça, não como faixa etária, mas como postura no mundo: inquieta, crítica e aberta à experimentação. Música, literatura, artes visuais, dança, circo, audiovisual e performance formavam um caldeirão de linguagens que circularam não apenas pela Zona Norte, mas também por outros territórios da cidade, redesenhando um imaginário urbano para além do Túnel Rebouças. Ao longo de mais de uma década, o projeto influenciou profundamente a cena cultural carioca e fluminense.
Presente no lançamento em Paraty, a arte-educadora e coorganizadora Maria José Gouvêa destacou que o Geringonça revolucionou metodologias de trabalho com jovens, com base na escuta, na troca e na leitura. Segundo ela, o projeto começou com música e poesia e rapidamente extrapolou para outras linguagens artísticas, reunindo jovens de diferentes territórios do Rio e promovendo uma gestão coletiva das ações. Ela ressaltou ainda que o livro, ao reunir textos, entrevistas, poesias e colaborações de pensadores, registra não só a história do projeto, mas também sua potência inspiradora para novas gerações de artistas e iniciativas culturais.
Com prefácio de Conceição Evaristo e texto de orelha assinado por Luiz Antonio Simas, À La Geringonça é também um livro que articula memória e pensamento crítico sobre a cidade, os afetos e os modos de fazer cultura em rede. “O Geringonça foi catalisador de jovens criadores e criativas que hoje estão presentes em diferentes iniciativas artísticas no Rio. Alguns deram seus primeiros passos ali”, completou Maria José.