
CREI Sesc Senac leva acessibilidade pioneira à Flip e dá nova dimensão à mesa sobre literatura e oralidade na Casa Sesc
De forma pioneira, espaço conta com acessibilidade comunicacional e sensorial completa; iniciativa impactou diretamente a participação da escritora cega Maria Carvalhosa na mesa sobre literatura em voz alta
Na manhã desta sexta-feira (1/8), a mesa “Literatura em voz alta”, realizada na Casa Sesc durante a Flip 2025, reuniu as escritoras Angélica Freitas e Maria Carvalhosa para uma conversa sobre oralidade, literatura e os sentidos que emergem da escuta. Mediado por Priscila Branco, analista de literatura do Departamento Nacional do Sesc, o encontro foi também um momento simbólico dentro da proposta de acessibilidade comunicacional e sensorial estruturada pelo Sesc RJ para esta edição da Festa Literária Internacional de Paraty.
Sócia-fundadora e editora da Supersônica Livros, Maria Carvalhosa trouxe à mesa sua experiência com a produção de audiolivros com direção artística, voltados à experimentação sensorial e estética da escuta. Ao refletir sobre o trabalho da editora, afirmou: “Acho que essa oportunidade de investigar entre o que existe entre a voz e o texto é o que motiva a Supersônica. Fazemos de uma forma com que a voz produza novas sensações. Pensar em acessibilidade não só como forma de chegar em termos mínimos, mas como experiência íntima e primitiva com novas possibilidades. É muito íntimo ouvir alguém dentro da sua cabeça.”
Carvalhosa também destacou a estrutura de acessibilidade da Casa Sesc como um diferencial no evento. Ela comentou que é a primeira vez que encontra, na Flip, audiodescrição de ambiente e mencionou que, antes disso, só havia vivenciado recurso semelhante uma única vez.
Esses recursos fazem parte de uma ação inédita implementada pelo CREI Sesc Senac, o centro de referência em educação inclusiva de ambas as instituições. Ao longo da Flip, a Casa Sesc contou com tradução em Libras e audiodescrição em tempo real em toda a programação, mapas táteis com braille e QR code com visita guiada por áudio, cardápios acessíveis, espaço sensorial com objetos táteis e texturas variadas, além de materiais gráficos com audiodescrição espacial e sinalização em linguagem simples.
Um dos principais instrumentos criados pelo CREI foi o Guia de Boas Práticas de Acessibilidade, entregue a todos os participantes da programação — palestrantes, convidados e mediadores — com orientações simples e diretas sobre como tornar a comunicação mais inclusiva, desde a apresentação de falas públicas até o acolhimento cotidiano do público.
“Acreditamos que a acessibilidade deve ser pensada desde o início de qualquer ação cultural, não como um recurso complementar, mas como parte estruturante de todo o projeto. A Flip foi uma oportunidade valiosa para implementar, de forma inédita e integrada, um conjunto de recursos de acessibilidade física, comunicacional, programática e sensorial na Casa Sesc”, afirma Maria Antônia Goulart, diretora do CREI Sesc Senac.
“O impacto dessa ação evidencia que é plenamente possível oferecer experiências culturais inclusivas e de alta qualidade, mesmo em contextos onde esses recursos ainda são pouco adotados. Levar acessibilidade a espaços onde ela historicamente não foi prioridade reforça nosso compromisso com a inclusão real. E mais: comprova que a presença desses recursos amplia, qualifica e transforma a experiência cultural para todos os públicos”, completa Maria Antônia.
A mesa “Literatura em voz alta” foi um exemplo da potência dessas ações quando acessibilidade é compreendida como parte central do projeto cultural, e não apenas como um complemento. O público que lotou o espaço da Casa Sesc, entre pessoas com e sem deficiência, teve acesso pleno à experiência. Saiba mais sobre a programação da Casa Sesc em sescrio.org.br/sescnaflip.