Um espetáculo sobre natureza e finitude. Desejo, ímpeto de vida e morte. Um homem, um menino, uma mulher, um rio, um lugar, um tempo.
Contos do celebrado escritor moçambicano Mia Couto são entrelaçados numa dramaturgia teatral envolvida por canções africanas, pela sonoridade dos tambores e pela interpretação de um ator.  Um menino narra as desventuras de sua mãe, se esvaindo em dor pela partida do pai, um pescador veleja pelas águas divinas do rio de sua própria vida, uma mulher sofre na condição de uma relação violenta, Deus materializado em pássaro, sobrevoa essas histórias envolvidas pela narração e entrega de um ator, os elementos da natureza e a inevitável ancestralidade que guia toda narrativa. André Morais, multiartista paraibano, ator e criador dos espetáculos Diário de um Louco e Bruta Flor, diretor do longa-metragem Rebento, e com uma carreira também dedicada à música, volta a explorar a dramaturgia cênica unida à linguagem musical. Acompanhado do músico Victor Figueiredo, que traz para cena a criação de toda sonoridade percussiva ao vivo, o espetáculo evoca a ancestralidade e a prosa poética de Mia Couto, construindo uma ponte entre África e Brasil. André Morais, que também construiu a dramaturgia, a partir dos livros de contos do autor, faz uma ligação emocional da obra com a memória de seu pai, morto há 7 anos. Essas histórias formam a ideia de uma única jornada, a do ser humano frente ao mistério de estar vivo.