II Seminário Internacional de Mediação Cultural Sesc RJ

Seminário Internacional de Mediação Cultural do Sesc RJ: Diversidade étnica e de vivências norteia terceiro dia do evento

Penúltimo dia do II Seminário Internacional de Mediação Cultural trouxe grande multiplicidade de etnias, origens e perspectivas. 

O palco do auditório do Sesc RJ, no Flamengo, assistiu a uma grande variedade racial, étnica e de olhares no penúltimo dia do II Seminário Internacional de Mediação Cultural, nesta quinta-feira (9). Pela manhã, das 10h às 13h, o público acompanhou uma sequência de comunicações, explanações breves sobre trabalhos e casos na área da cultura e da mediação cultural. Quatro convidados fizeram palestras sobre seus projetos e estudos, e três exibiram trabalhos em audiovisual.

O dia teve início com a fala de Evandro Luiz de Carvalho, do Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (Inepac), que falou sobre “O belo, o feio, o triste”. Carvalho fez um breve histórico sobre o conceito de patrimônio cultural, contando que surgiu na Revolução Francesa, quando os símbolos de poder do antigo regime, incluindo monumentos, foram combatidos. À época, o abade francês Henri Grégoire criou a Comissão de Monumentos, no intuito de ressignificar aquele patrimônio, mesmo quando representava “o infame”.

O pesquisador trouxe o debate para os dias atuais, analisando que monumentos e edificações históricas podem ser, ao mesmo passo, belos e sublimes, tendo, no entanto, “histórias de horror”. Em primeira mão, Carvalho anunciou ao público do Sesc o primeiro registro dos afoxés e blocos afro como patrimônio fluminense.

A segunda apresentação foi de Milena Palmas de Melo, gestora de turismo e pós-graduanda em Patrimônio Cultural pelo Cefet/RJ. Melo abordou o apagamento de memória e da dor social. “O Brasil possui hoje apenas 15 museus no contexto da escravidão, república e guerra; enquanto o âmbito do mandonismo – militarismo, poder público e igreja – conta com apenas 50 museus registrados” – salientou.

DO PATRIMÔNIO FORMAL PARA OS SABERES ANCESTRAIS
Em seguida, foi a vez de Deivid Ribeiro, afroribeirinho, mestrando em ensino de ciências naturais, com pesquisa direcionada aos saberes de comunidades tradicionais e diretor cultural do Afro Serra de Petrópolis. Subindo ao palco com um berimbau em punho, Ribeiro falou sobre “História dos tambores e a capoeira como bio-jogo”.

O pesquisador fez uma retrospectiva sobre tambores, localizando os primeiros registros do instrumento há cerca de 6 mil anos, e descrevendo as mudanças na sua composição. Ribeiro falou sobre a influência dos Bantus, principal etnia que veio escravizada para o Brasil, na criação da capoeira, que definiu como um jogo: “Capoeira é um jogo, não é dança nem é luta” – sentenciou. O petropolitano lembrou a influência dos indígenas na capoeira “a começar pelo nome, que significa mato rasteiro”, e falou sobre o racismo e o colonialismo presentes até hoje contra a prática. Sob aplausos do público, Ribeiro encerrou sua fala entoando e tocando uma ladainha ao berimbau.

Na sequência, Talita Oliveira, professora e pós-graduanda em Literaturas Portuguesa e Africanas na UFRJ, subiu ao palco com a comunicação “Nosso nome: Resistência. Identidades culturais afro-brasileiras”. Oliveira falou sobre a diáspora africana e o duro processo de desterro dos escravizados. Em uma fala firme e emocionante, a pesquisadora analisou as palavras “saudade” e “banzo”, emprestando a definição de Nei Lopes para a segunda: “uma espécie de melancolia ou nostalgia com depressão profunda, quase sempre fatal, em que caíam alguns africanos escravizados nas Américas”.

Se aprofundando no assunto difícil, mas necessário, a professora relatou que “o suicídio de escravizados, em registros oficiais da época, virou questão de saúde pública”. Oliveira abordou ainda espaços do perímetro urbano carioca, como o Cais do Valongo e a Pedra do Sal, como testemunhas do desterro dos escravizados: “é comum falarem que esses espaços, especialmente o Cais do Valongo, têm energias pesadas. Não são ‘energias pesadas’: esses espaços foram palco de horror, mas são também espaços de memória” – defendeu.

Mediando a sequência de comunicações, o analista em Audiovisual da Gerência de Cultura do Sesc RJ, Leandro Luz, chamou ao microfone o cineasta e educador Clementino Luiz de Jesus Junior, que apresentou o curta-metragem “Quando Bento era São”, de 2018, sobre os estragos imateriais, afetivos, que o crime ambiental da Samarco causou a Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG). O curta é fruto da tese de doutorado de Junior em Educação pela UniRio.

Segundo curta apresentado, “Acordar o chão”, de Nielson Bezerra, apresentou a performance da artista Giselle Mota, dançando em um sambaqui, com conchas, folhas e terra, ao som dos ritmos africanos opanijé e aguerê. Bezerra falou ainda sobre sua atuação no Museu Vivo de São Bento, em Duque de Caxias, e como professor da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF-Uerj).

A exibição audiovisual foi encerrada com “Fanon e as Multiexpressividades cotistas”, curta de Italmar Lima de Vasconcellos. No filme, o mestrando do Programa de Pós Graduação em Sociologia e Direito da UFF entrevista o professor e cineasta guarani Alberto Alvares.

A manhã foi encerrada com uma mesa em que a equipe de assistentes de Cultura do Arte Sesc, Maíra Dias, Pedro Bento e Raul Baldi, conversaram com o público sobre as práticas e os desafios da mediação cultural no campo das artes visuais.

O II Seminário Internacional de Mediação Cultural do Sesc RJ vai até as 21h desta sexta-feira (10) na unidade Flamengo do Sesc.

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