Circuito Sesc Jazz & Blues Dica musical: o Brasil do blues

Dica musical: o Brasil do blues

Por Moisés Nascimento

O Brasil tem um legado rico e criativo de blues que, ao longo dos últimos 40 anos, vem renovando-se gradualmente através de novas criações e de novos artistas. Tal tradição pavimentou o terreno do blues no país, ora cantado em português, ora fundindo-se ao gênero tradicional da cultura negra norte-americana, possibilitando assim diálogos, aproximações e interesse público.

Inserido a priori na cena underground e alternativa, o gênero passa a ser enxergado sob um outro ponto de vista a partir dos anos 1990, com o surgimento de diversos festivais de Jazz e Blues pelo país, um segmento de mercado que amplificou seu alcance entre os diferentes tipos de público, chegando sobretudo na juventude, mola de projeção para um novo cenário musical.

Mas a tradição, como dizia no início, vem de longe. E Celso Blues Boy, Blues Etílicos, André Christovam e Nuno Mindelis estão na cabeceira desse legado. Celso – saudoso Celso, falecido em 2012 – é conhecido como o pai do blues brasileiro. Gravou seu primeiro disco solo em 1984, “Marginal Blues”, todo cantado em português, e lançou em vida cerca de 10 trabalhos autorais. Blues Etílicos, banda surgida em 1985, já gravou 13 trabalhos, sendo o primeiro o homônimo “Blues Etílicos”, de 1987, e o último o álbum “Puro Malte”, de 2013. André Christovam gravou seu primeiro disco em 1989, “Mandinga”, todo ele também cantado em português. Já Nuno Mindelis, cuja trajetória musical inicia-se na infância, gravou seu primeiro disco em 1990, “Blues e Derivados”, trabalho responsável por coloca-lo entre os grandes guitarristas de Blues do mundo.

De lá pra cá, a cena cresceu de forma muito proveitosa. Grupos como Baseado em Blues, Big Gilson, Big Bat Blues Band, Fernando Noronha, Igor Prado, Big Joe Manfra, o próprio Jefferson Gonçalves (que é fundador do já citado Baseado em Blues no início dos anos 1990, mas que desde os anos 2000 despontou na carreira solo), Taryn, Saulo Simonassi, Artur Menezes, Facção Caipira, e tanto outros, são frutos dessa atmosfera blues surgida nos anos 1980, que através dessa vivência, em diálogo franco com a tradição em outros cantos do mundo, mas também imprimindo no estilo a sua forma de criação, possibilitam a existência de um blues brasileiro, uma contribuição desta ponta do Atlântico para o mundo.

Há um sotaque brasileiro no blues ao qual é preciso estar atento, pois é também parte do que se chama “Música Popular Brasileira”. De uma ponta a outra do país há um processo de assimilação desse gênero fundamental para a música norte-americana, assimilação essa que passa pela diferença, isto é, uma maneira singular de fazer blues, repleta de nuances que de certa maneira são possíveis somente neste lado do sul global.

No nosso canal no Spotify Sesc RJ há uma playlist dedicada ao blues brasileiro, com alguns dos artistas aqui citados. Escute, compartilhe. A música brasileira tem muitas facetas, e o blues é uma delas!

Leia também:

Outras Notícias

Ver todas as notícias

Grafite, dança e rima: Sesc Nova Friburgo vira laboratório imersivo de hip hop

Veja mais

Copa Sesc de Futsal 2025: abertas inscrições para competição que vai acontecer em 8 cidades do RJ

Veja mais

OdontoSesc chega a Seropédica para atendimento odontológico gratuito

Veja mais

Sesc RJ apresenta estreias no teatro e celebra clássicos da música e da literatura nesta semana

Veja mais