
Conceição Evaristo fala sobre o conceito da escrevivência no Congresso Mundial de Educação Sesc RJ
Escritora Conceição Evaristo se reuniu com Bárbara Carine e Obirin Odara na roda de conversa ‘Intelectualidades Negras’, destaque da programação do segundo dia do evento
Com toda sua afetividade, calma e potente presença, Conceição Evaristo deu o tom no encerramento do segundo dia do 4ª Congresso Mundial de Educação Sesc RJ, realizado na Sede do Sesc Flamengo. A escritora, que recentemente foi laureada com o Troféu do Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano de 2023, se reuniu com a autora Bárbara Carine e a curadora de conhecimento Obrin Odara na roda de conversa “Intelectualidades Negras”.
Recebida com aplausos calorosos, Conceição agradeceu ao Sesc RJ pelo convite para participar do evento que se propõem a pensar o processo educativo, um tema que a agrada muito, uma vez que sua carreira se traçou a partir de sua formação como professora do Ensino Fundamental. Além disso, ela abordou o conceito da escrevivência que desenvolve em suas obras literárias.
“Quero contrapor justamente essa ideia, essa condição, de uma fala escravizada. De um corpo que produz num processo de escravização. A produção literária das mulheres negras não é mais uma produção que está inscrita numa obediência da casa grande. Não tem por função adormecer os da casa grande, mas sim de acordá-los de seus sonhos injustos”, pontou.
Nos bastidores, em entrevista ao Sesc RJ, Conceição ainda falou sobre a importância do debate do antirracismo nas escolas:
“Quando você olha uma Secretaria de Educação, um Departamento de Educação, quem dá as cartas são pessoas brancas. Então, mais do que nunca as pessoas brancas têm que tomar consciência que é preciso promover uma educação antirracista e não somos nós negros que temos essa responsabilidade sozinhos”.
Para a pedagoga Maria Claudia Chantre, que participa do congresso, a oportunidade de ouvir Conceição Evaristo é enriquecedora:
“A cada vez que eu escuto a Conceição, que eu tenho o prazer de estar com a Conceição, é sempre um aprendizado a mais. Para além dessa questão do aprender, podemos também compartilhar esse aprendizado com nossos pares e propagar isso”.
Ao longo da programação do segundo dia, o evento ainda contou com os minicursos “Por uma educação de esperança”, “Inclusão em educação e Direitos Humanos” e “Translinguagem e línguas em contato”, além da apresentação de trabalhos inscritos.
Jacqueline Gomes, professora da Universidade Federal Fluminense e líder do grupo de pesquisas “Observatório sobre Inclusão em Educação e Direitos Humanos”, que conduziu o minicurso “Inclusão em educação e direitos humanos” comentou a importância do congresso ao abrir o espaço para debate desses temas para além das salas de aulas e universidades.
“É importante para pensar outros espaços de saberes. A gente traz pessoas de outros lugares, outros contextos, que não fazem parte do nosso cotidiano, para pensar em educação dentro da vida social. Talvez essa ponte precise ser feita várias outras vezes também. É um ponto de partida, apesar de já estar em sua 4ª edição, e que precisamos estar sempre construindo e reconstruindo”, finalizou.
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