
Congresso Mundial de Educação Sesc RJ: Encontros internacionais e presença de representantes de povos originários encerram o evento
Terceiro e último dia do Congresso Mundial de Educação Sesc RJ celebrou a união, a diversidade e o debate de ações inspiradoras em prol da educação intercultural e inclusiva.
Após três dias de uma programação intensa, repleta de encontros diversos e debates em torno do “Despertar das Consciências”, a 4ª edição do Congresso Mundial de Educação Sesc RJ chegou ao fim celebrando a importância da educação intercultural e inclusiva.
Com a presença de educadores de Portugal, da Espanha, da Argentina, do Brasil e de representantes de comunidades indígenas do Brasil e do México, o último dia de congresso contou com diálogos ricos e necessários para expansão dos olhares e percepções.
“A interculturalidade é uma estratégia pedagógica, entre povos, de gente que não cabe em uma caixinha. Todos nós temos uma percepção da vida e todas as percepções precisam ser consideradas”, destacou a professora espanhola Alicia Fernanda Sagüés Silva, em sua participação na Mesa de Diálogos “Educação Intercultural”.
Já a professora colombiana, que vive na Argentina, Anny Ocoró Loango pontuou em sua fala na mesma mesa:
“Não temos interculturalidade se se impõe uma cultura”.
Completando o painel, a educadora artística Aliã Wamiri Guajajara, da Aldeia Ukair, no Piauí, ressaltou:
“Nós, povos indígenas sempre estivemos aqui e tentam nos apagar. E é através da educação intercultural que permanecemos aqui. Como trabalhar a cultura indígena dentro das escolas? Sem impor! Trazendo representatividade indígena através dos nossos conhecimentos, através do sentir, do coração, de atividades artísticas que você não impõe, você propõe”.
A programação do último dia ainda teve uma oficina de sons ancestrais e a Mesa de Diálogos “Educação sem Inclusão é Educação?”, que reuniu o psicanalista e escritor Emílio Figueira e o educador português David Rodrigues, com a mediação da professora da Universidade Federal Fluminense Jacqueline Gomes.
O lançamento do livro “Inclusão e Direitos Sociais: a parceria público-privada na promoção de Direitos Sociais via Terceiro Setor”, da doutora em Educação, Carina Alves, também compôs parte das atividades de último dia do evento, que foi encerrado com uma palestra virtual da Gabriela Badillo, do 68 Voces – Projeto Mexicano com grupos indígenas, seguida de Declamação de um texto da autora Carolina Maria de Jesus pela artista Analu Pimenta.
BALANÇO
O mestre de cerimônias do 4º Congresso Mundial de Educação Sesc RJ, Marcelo Zig, um homem negro e deficiente físico, exaltou a programação e as oportunidades de trocas de experiências e vivências criadas nos três dias de evento, fundamentais para a construção de uma sociedade mais igualitária.
“Acho que o que expressa bem o que aconteceu aqui é o que diz o lema da pessoa com deficiência, que é: ‘Nada sobre nós, sem nós’. Mas não o ‘Nada sobre nós, sem nós’ com a pessoa sem deficiência em um lugar e a pessoa com deficiência em outro. Mas o ‘Nada sobre nós, sem nós’ como aconteceu aqui. Com atores, atrizes, mais diversos, conversando, debatendo e propondo, generosamente, a partir de cada perspectiva. Uma construção de mundo e de sociedade onde todos sejam pertencentes e se sintam parte disso. Todos nós reunidos enquanto humanidade, percebendo todas as nossas pluralidades, e propondo uma sociedade mais colorida, que abrace todas as expressões, compreendendo que não há porque fazer distinção por uma característica ou outra. A não ser no sentido de dizer: ‘Nossa, como somos potentes a partir dessas diferenças”.
Para a estudante do Ensino Médio, Milena Lopes, participar do congresso foi transformador.
“Em parte da minha infância, nunca vi um projeto que dava importância às pessoas negras. Hoje, estar aqui e entender a representatividade que eu tenho é muito importante e agrega muito na vida. E o que mais me tocou foi quando explicaram a diferença entre ‘diferenças e desigualdades’. É realmente tudo o que eu estudo na minha escola, que somos diferentes, mas, ao tempo, iguais. São essas diferenças nos tornam seres importantes e individuais”, resumiu.
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