Palavra Liquida 2023

Palavra Líquida


Em 2023, o projeto Palavra Líquida chega à Baixada Fluminense, colocando a poética dos sentidos como dispositivo para se pensar o presente. Os sentidos são a base da percepção da vida. As coisas, as ações, as obras, os movimentos, tudo desemboca na significação. Octavio Paz certa vez disse que tudo o que tocamos “se tinge de intencionalidade: é um ir em direção a…” O mundo que nos rodeia é o mundo dos sentidos. A humanidade “tolera a ambiguidade, a contradição, a loucura ou a confusão, não a carência de sentido.”

Há uma poética dos sentidos, e o projeto Palavra Líquida, através da literatura, das artes visuais, da dança, audiovisual, música e teatro, propõe pensar os sentidos a partir do paradoxo. Aqui, contudo, convocamos esta palavra em sua dimensão filosófica: aquilo que está “para” – valer dizer: além –  da “doxa”. Doxa é a norma, o senso comum, o que está cristalizado na ordem do dia. Já o “paradoxo”, segundo Gilles Deleuze, é o que primeiro “destrói o bom senso como sentido único, mas, em seguida, o que destrói o senso comum como designação de identidades fixas”.

Essa é a questão que se coloca como central do Palavra Líquida: é possível apreender o mundo de outras maneiras, para além do que está estabelecido no senso comum para os sentidos (cinco, segundo a tradição)? É possível ouvir música, ver uma exposição, assistir uma peça de teatro ou a um filme, ler um livro, alimentar-se, quem sabe, de uma forma outra, não cristalizada na rotina do hábito?

São perguntas como estas que propomos para o Palavra Líquida 2023, na qual os sentidos, em toda sua abrangência, são a tônica curatorial. Conceber as artes através dessas tensões é pensar a existência para além da normatividade imposta pela rotina. E assim, nessa perspectiva, talvez se encontre formas outras de experimentações reais que as artes possam proporcionar. Perguntar. Quem sabe, entender. Em arte não se pode tudo. Mas quase tudo. E neste “quase” nos colocamos – e convidamos – para a edição 2023.

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Confira a programação e participe!

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Palavra Líquida 2022

PALAVRA LÍQUIDA – EDIÇÃO 2022

 

Em 2022, o projeto “Palavra Líquida” realiza uma imersão na obra do cantor, compositor, escritor e dramaturgo Altay Veloso. Em sua 7ª edição, o projeto terá pela primeira vez como tema um artista vivo: cantor, compositor, escritor e dramaturgo nascido no território gonçalense, mas um cidadão do mundo por excelência. Aos 71 anos, mais de 50 deles dedicados às artes e à cultura, Altay é reconhecido pela sua vasta obra, multifacetada e multilinguagem desde sempre, cujas produções se ramificam não apenas na música, lugar primeiro de identificação de sua trajetória, mas também nas artes cênicas, no cinema e na literatura, o que demonstra a singularidade do seu projeto estético.

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Entre suas criações, talvez a mais importante e icônica seja o “Alabê”, esse personagem/persona que nasce no livro “Ogundana – O Alabê de Jerusalém”, publicado em 2004, matéria-prima para a criação da ópera Alabê de Jerusalém, encenada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 2005, além de longa temporada no Canecão e outros palcos. O Alabê também virou espetáculo cênico, um monólogo encenado pelo próprio Altay Veloso, além de concerto musical. Com canções eternizadas nas vozes de Roberto Carlos, Alcione, Leny Andrade, e Jorge Vercillo, Altay é também um escritor e dramaturgo de grande importância. Seu trabalho como compositor de samba-enredo se faz presente nas escolas Viradouro, Porto da Pedra e Mocidade Independente de Padre Miguel.

O Alabê
Nas religiões de matrizes africanas, Alabê é um cargo hierárquico responsável pelo aguidavi (no sentido popular, as baquetas) e pelos atabaques. É o Alabê quem canta, toca, alimenta e preserva os instrumentos musicais sagrados das casas de umbanda, quimbanda, candomblé e batuque brasileiros. É ele quem se encarrega de iniciar o xirê (roda de santo, o culto em si), cantar e chamar os orixás, voduns e nkinses – como se denomina “os santos” nas nações de origem iorubá, jeje e angola-congo, respectivamente – do Òrun (céu) para o Àiyè (terra); é quem dá o tom e o ritmo das festas de terreiro, abrindo, assim, o caminho entre os seres humanos e o sagrado. Altay Veloso através de sua obra é o próprio caminho, é o próprio Alabê. É a cantiga e a reza que se balbucia na boca e executa a ligação entre o Òrun e o Àiyè. Através de suas criações, faz e refaz o caminho para chegarmos até as divindades e fazer a ligação com a ancestralidade.

E nesses caminhos que traça em seus versos e notas musicais, podemos experimentar sensorialmente os ensinamentos da filosofia africana e compreender em arte o que ela nos ensina da terra materna. Um dos pontos mais fundamentais dessas tradições é o “Sankofa”, presente na ID visual, ideograma que apresenta um pássaro, que podemos ler como “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”. Para isso, o projeto Palavra Líquida 2022 – Altay Veloso, um Alabê está dividido em três pontos consonantes:

Passado: aqui representado por toda a pesquisa e compreensão do artista sobre os elementos que o influenciaram para a construção de sua obra. Altay volta-se ao passado e a ensinamentos ancestrais para se alimentar e poder ressignificar isso através da sua produção.

Presente: a obra de Altay é viva, atual e pungente, traz em seus versos e ritmos questões urgentes e remanescentes que não podem deixar de ser tratadas com e na contemporaneidade.

Futuro: assim como Sankofa, que se volta ao passado para semear o futuro ou o ditado africano que diz “Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje”, Altay Veloso tem em seus versos e rimas um tratado com as futuras gerações e é na juventude artista que vamos buscar as referências de sua obra, com uma programação que interliga esses três pontos do espaço/tempo através da produção pungente das novas gerações que se alimentam da obra desse mestre.

Palavra Líquida – Edição 2022
Tema:
Altay Veloso, um Alabê
Período Formativo (NEA): 20/08 a 26/11/2022
Realização do evento “Palavra Líquida 2022: 14/09 a 18/09/2022
Local: Sesc São Gonçalo

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